Interrupção do uso de antidepressivos pode prejudicar a saúde?
“Síndrome de retirada” pode ser comum em casos de suspensão abrupta dos medicamentos, indica o médico psiquiatra Alexandre Valverde
“Síndrome de retirada” pode ser comum em casos de suspensão abrupta dos medicamentos, indica o médico psiquiatra Alexandre Valverde
Alguns antidepressivos, quando suspensos de forma inesperada, podem causar a chamada Síndrome de Retirada, que é uma condição provocada pelo simples fato de interromper a medicação sem orientação médica e que traz diversas consequências para a saúde. O protocolo de tratamento costuma ser de pelo menos um ano para a maioria dos pacientes, quando se trata do primeiro episódio depressivo.
Mesmo que a pessoa não esteja mais com nenhum sintoma de depressão, se realizada a retirada total da dose terapêutica na hora de dispensar a medicação, pode apresentar a síndrome.
Este caso é diferente ainda do de uma pessoa que deixa de tomar o antidepressivo no meio do tratamento, sem esperar um ano de tratamento inteiro ser cumprido. “Se ela de repente parar de tomar os remédios, pode ter uma recaída dos sintomas por conta da cessação anterior ao término do tratamento previsto”, indica o médico psiquiatra Alexandre Valverde, graduado pela Unifesp.
O especialista relata que a Síndrome de Retirada ocorre principalmente quando o paciente faz uso de antidepressivos potentes, como a Desvenlafaxina, Venlafaxina e Duloxetina, que são os chamados de duais, pois atuam não só no sistema de transmissão de serotonina, mas também de noradrenalina.
“A retirada abrupta deles costuma dar dor de cabeça, além de quadro semelhante ao da gripe: nariz escorrendo, cansaço, sonolência, tontura, vertigem e sensação de pressão na cabeça. Isso pode durar dias, semanas e até meses, dependendo da sensibilidade da pessoa”, finaliza Alexandre.
A Vortioxetina, que é uma medicação nova, é um antidepressivo multimodal que também pode causar a Síndrome de Retirada. Profissionais da psiquiatria geralmente substituem esse remédio por outro que não costume trazer tantos danos, sendo a Fluoxetina o substituto mais clássico.
“A Fluoxetina demora sete dias para sair do sangue. Nesses sete dias o cérebro tem tempo de se readaptar e não sentir o mal estar dessa retirada abrupta. O organismo se readapta à menor disponibilidade de serotonina por exemplo e o paciente não fica sentindo esse mal estar todo ligado à suspensão”, adverte o profissional.
Outra opção é fazer o desmame gradual do antidepressivo, no qual a dose dos remédios é diminuída inicialmente para metade, depois para um quarto e finalmente para um oitavo da dose. A suspensão gradual deve ser bem acompanhada por um profissional da psiquiatria, pois é uma situação delicada. Para Alexandre Valverde, muitas vezes as pessoas demoram para parar de tomar os remédios antidepressivos porque não conseguem o desmame de maneira adequada e saudável.