O estudo recente publicado na Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica descobriu a relação de infertilidade dos filhos com o sobrepeso na gravidez
A pesquisa publicada pela Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica descobriu que os filhos nascidos de mães com excesso de peso tinham maior probabilidade de serem diagnosticados com infertilidade na idade adulta do que os filhos de mães com peso normal.
Nenhuma associação entre peso materno e infertilidade foi observada nas filhas. “Esse foi o primeiro estudo para estimar a associação entre o sobrepeso materno durante a gravidez e a infertilidade na fase adulta”, afirma o Dr. Rodrigo da Rosa Filho, ginecologista obstetra especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).
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“Os mecanismos envolvidos nessa relação entre sobrepeso na gravidez e infertilidade masculina adulta ainda não são conhecidos, mas existem algumas hipóteses. O excesso de peso materno é um indicador de um equilíbrio hormonal alterado, o que pode interferir no desenvolvimento do sistema reprodutivo da prole, possivelmente por meio de inflamação materna de baixo grau induzida pela obesidade”, acrescenta o médico.
No estudo dinamarquês com 9.232 filhos e filhas adultos, 9,4% dos participantes eram inférteis.
Os autores ajustaram vários fatores de confusão potenciais e descobriram que filhos cujas mães tinham um índice de massa corporal acima de 25 kg/m² antes da gravidez tinham probabilidade 1,4 vezes maior de infertilidade do que filhos cujas mães tinham um índice de massa corporal de 18,5 a 24,9 kg/m².
“Também sabemos que há um impacto da vida moderna e dos maus hábitos de vida nas causas da infertilidade. O tabagismo, o álcool, a má alimentação, o sedentarismo e a obesidade também dificultam a concepção de um filho”, relatou o especialista.
Segundo o Dr. Rodrigo, aproximadamente 12,5% dos casais são afetados pela infertilidade, que é definida como tentativa sem sucesso de engravidar por um ano ou mais. No geral, um terço dos casos de infertilidade de casais são causados por problemas reprodutivos masculinos, um terço por problemas reprodutivos femininos e um terço é uma combinação ou devido a fatores desconhecidos.
“A infertilidade é um problema de saúde pública global e é importante que a pesquisa se concentre em abordar os fatores de risco. Sabemos que crianças nascidas de mães com sobrepeso ou obesidade enfrentam maiores riscos de vários resultados adversos, tanto a curto como a longo prazo. Essas descobertas aumentam a evidência de que o peso durante a gravidez também pode afetar a futura saúde reprodutiva masculina no futuro; no entanto, os resultados precisam ser corroborados em mais estudos“, diz o Dr. Rodrigo.
Por fim, o médico enfatiza que um estilo de vida saudável, adotando uma alimentação balanceada, dormindo bem e praticando exercícios físicos com regularidade, é a melhor maneira de manter o bom funcionamento do organismo e assim melhorar a fertilidade e as chances de gravidez.
“No entanto, caso o casal perceba que está tendo problemas para engravidar, é importante que ambos consultem um médico especializado, já que apenas ele poderá realizar uma avaliação e identificar a real causa do problema, recomendando assim o tratamento adequado ou, quando a causa da infertilidade não pode ser revertida, métodos de reprodução assistida”, finaliza o Dr. Rodrigo da Rosa Filho.
