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Cientista analisa que vacinação contra COVID-19 deve terminar apenas em 2023

A análise é do microbiologista John McConnell, editor do periódico que publicou os mais importantes estudos sobre imunizantes contra as variantes do coronavírus nos últimos meses

Vacinação para combater a COVID-19 pode acabar só em 2023 – Freepik

O ano de 2020 foi repleto de medos e incertezas e a esperança era que 2021 tivesse notícias mais felizes. E, realmente teve, em partes! A vacinação contra a COVID-19 teve início. Por outro lado, as taxas de mortalidades bateram recordes no Brasil no que os estudiosos chamaram de segunda onda no país.

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Para evitar o aumento dos casos, a solução é imunizar a maior parte da população, mas esse objetivo parece estar distante.

Após quatro meses de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, apenas 39% dos idosos foram vacinados com as duas doses, considerando todas as vacinas. Ou seja: 11,7 milhões de pessoas acima de 60 anos estão imunizadas, o que revela um desafio para a vacinação da maior parcela da população, formada pelos adultos até 59 anos.

O que dizem os especialistas? 

John McConnell, editor-chefe da The Lancet Infectious Diseases, revista científica que publicou os mais importantes estudos sobre a pandemia e os imunizantes nos últimos meses, refletiu que se continuarmos nesse ritmo, as vacinas só estarão disponíveis para a população mundial no final de 2023

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“Existe um mecanismo global chamado Covax, que foi projetado para comprar vacinas e distribuí-las a países que não têm condições de financiar seus próprios programas de vacinação. No atual momento, esse programa foi elaborado para ajudar a vacinar apenas 20% das pessoas nessas nações de baixa e média renda. Na atual progressão, levará até o final de 2023 para que as vacinas estejam disponíveis para todas as pessoas do mundo.É imperativo que outros países, quando tiverem vacinado totalmente as suas populações, disponibilizem as doses restantes aos governos que não têm condições de pagá-las. Alguns desses países mais ricos chegaram a contratar uma quantidade de vacinas suficientes para cobrir três ou quatro vezes a sua população total”, pontuou o cientista em entrevista à BBC News Brasil, publicada nesta quarta-feira, 19 de maio.

“Acredito que nós conseguiremos sair juntos dessa pandemia, desde que não percamos o foco. Só assim faremos com que a luz no fim do túnel não seja destinada apenas para ricos e afortunados, mas para todos.”, disse. 

Na mesma oportunidade, ele revelou que uma estratégia interessante para o Brasil seria acelerar a imunização e reforçar as medidas preventivas, como o distanciamento social. “As duas ações precisam andar de mãos dadas. Depender inteiramente da vacina significa que o progresso será lento. Precisamos proteger as pessoas por meio de intervenções não farmacológicas, dando-as a oportunidade de serem vacinadas no futuro”, analisou.

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Sobre as vacinas disponíveis aqui, McConnell disse que elas “são capazes de proteger até mesmo contra as formas mais graves da doença”.

Formado em microbiologia clínica e parasitologia pela Universidade East London, na Inglaterra, McConnell atua na The Lancet desde 1990 e recebe em primeira mão os estudos que avaliam a segurança e a eficácia das vacinas contra a covid-19.

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