Alguns alimentos comuns do dia a dia como frutas e hortaliças podem ter agrotóxicos em excesso, mas nem sempre as substâncias tóxicas são visíveis, sabia?
Além de não serem facilmente identificadas nas cascas, algumas sequer alteram o sabor e outras ainda podem penetrar até a parte interna dos vegetais. Aparentes ou não, a questão é que não se sabe ainda quais os reais impactos dos pesticidas à saúde de quem consome os alimentos.
O assunto é bastante polêmico. De um lado há quem defenda que essas substâncias podem fazer mal à saúde e a população não é informada de forma clara sobre seus usos e riscos; de outro há especialistas que afirmam que os agrotóxicos são necessários para a produção de alimentos em grande escala —segundo eles, seria inviável alimentar a população mundial apenas com orgânicos.
E, um levantamento publicado neste ano e feito pela Unearthed, organização jornalística independente financiada pelo Greenpeace, em parceria com a ONG suíça Public Eye, mostrou que o Brasil é o principal mercado de agrotóxicos “altamente perigosos”.
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A OMS (Organização Mundial da Saúde) os define como pesticidas que são “reconhecidos por apresentarem níveis particularmente altos de riscos agudos ou crônicos para a saúde ou o meio ambiente, de acordo com sistemas de classificação internacionalmente aceitos”.
Faz mal mesmo à saúde?
Bater o martelo sobre os riscos à saúde é complexo. Primeiro por questões éticas. Não é possível fazer experimentos com humanos, pois não se sabe qual seria a quantidade segura do uso dessas substâncias. Depois, pelas análises feitas até o momento serem observacionais, muitos fatores podem confundir os resultados, afinal, o corpo é exposto a uma série de outros produtos potencialmente tóxicos, como a fumaça do cigarro, por exemplo, e a poluição.
E, os dados que se tem até o momento também são mais evidentes em trabalhadores que lidam diretamente com os agrotóxicos e a população rural. Pouco se sabe sobre os impactos na saúde de quem apenas consome esses alimentos. No caso da exposição direta, a longo prazo, os principais estudos apontam o surgimento de problemas graves de saúde, como paralisias, lesões cerebrais e hepáticas, alguns tipos de câncer, alterações comportamentais.
Alimentos que possuem mais agrotóxicos
O último monitoramento realizado pela Anvisa avaliou 14 vegetais, representando 30% da dieta dos brasileiros. São eles: abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva. Foram analisados cerca de 270 agrotóxicos diferentes.
A Agência avalia a quantidade média de alimentos consumidos e o peso dos consumidores com idade acima de 10 anos. A avaliação é feita em curto e longo prazo.
Concluiu-se que os alimentos analisados não ofereciam risco imediato para a população. Mas a laranja se destacou na lista por ser bastante consumida pelos brasileiros e, por esse motivo, poderia causar intoxicação. Das 382 amostras da fruta, 48 apresentavam agrotóxicos não autorizados e cinco amostras acima do permitido (14%).