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Mastectomia: médico dá detalhes do procedimento
Mastectomia: médico dá detalhes do procedimento – Foto: Freepik

Junho é o Mês do Orgulho LGBTQIA+, um momento importante para se pensar sobre o acesso de pessoas transgênero às cirurgias plásticas e de afirmação de gênero. Esses procedimentos são geralmente buscados por esses indivíduos devido a um incômodo causado pela discordância entre sua identidade de gênero e o sexo designado ao nascer, o que é chamado de disforia de gênero. E, entre as cirurgias de afirmação de gênero, a mastectomia masculinizadora é uma das mais procuradas.

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Segundo o cirurgião plástico Dr. Alexandre Charão, membro associado da BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons) com grande número de casos de cirurgias reparadoras em pacientes transgênero.

“As mamas são o maior símbolo da feminilidade e não o órgão genital, como muitos acreditam. Justamente por esse motivo, muitos dos meus pacientes não buscam a cirurgia genital, mas sim a mastectomia. Quando um homem transgênero se decide pela transição, há um grande incômodo com a presença das mamas, que agridem a sua autoimagem e prejudicam sua autoestima. Por isso, esses pacientes buscam o cirurgião plástico para realizarem a mastectomia”, diz o médico.

Mastectomia: médico dá detalhes do procedimento

A BAPS explica que, por ser motivada por uma disforia de gênero, a mastectomia, quando devidamente indicada pelo médico especialista, se enquadra na legislação brasileira como uma cirurgia reparadora. Além disso, pode ser realizada no Sistema Único de Saúde (SUS).

“O objetivo da mastectomia é a remoção da glândula mamária e tecido adiposo, a retirada do excesso de pele e o reposicionamento da aréola e do mamilo”, diz o cirurgião plástico. A técnica utilizada na mastectomia será escolhida pelo cirurgião plástico de acordo com uma série de fatores, como o volume e o grau de ptose da mama e a quantidade de excesso de pele.

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“A cirurgia pode ser realizada por meio de incisões periareolares, isto é, ao redor da aréola, ou por incisões horizontais, acima do mamilo e abaixo da mama, para retirada completa da mama com posterior enxerto livre do mamilo e aréola”, afirma o Dr. Alexandre, que explica que a mastectomia ainda pode ser associada à lipoaspiração para diminuir a quantidade de tecido adiposo e melhorar os resultados.

As cicatrizes vão variar dependendo da técnica utilizada, sendo maiores no caso das incisões horizontais. “É importante ressaltar ainda que, devido a hormonioterapia com uso de testosterona comumente realizada por esses pacientes, há um maior risco de cicatrizes hipertróficas”, alerta o médico, que afirma que, no geral, os pacientes que se submetem à mastectomia masculinizadora não estão tão preocupados com a aparência da cicatriz.

“O principal desejo dos pacientes transgêneros é conquistar um contorno torácico bem definido, sem sobras de pele ou saliência.”

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Mas a BAPS ressalta que, antes de realizar o procedimento, o paciente deve ser avaliado por um profissional experiente e devidamente certificado.

“Na dúvida, verifique se o profissional conta com RQE, que é o registro de qualificação de especialidade, e acompanhe outros casos nas redes sociais do médico”, aconselha o especialista, que afirma que a mastectomia exige requisitos específicos para ser realizada.

“A idade mínima para o procedimento é de 18 anos. Além disso, o paciente deve realizar previamente um ano de acompanhamento interdisciplinar, incluindo um profissional de saúde mental e um endocrinologista. É aconselhado ainda que o paciente apresente índice de massa corporal (IMC) menor ou igual a 27, já que pacientes obesos possuem um maior risco de complicações. Além disso, é recomendado interromper o uso de hormônios três semanas antes da cirurgia para reduzir o risco de trombose”, detalha o médico.

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Vale destacar que, apesar da hormonioterapia não ser um requisito para a realização da cirurgia, é interessante, caso o paciente deseje, iniciá-la antes do procedimento, já que os hormônios andrógenos geram uma atrofia do epitélio mamário que facilitam a operação.

No período pós-operatório, o paciente deve usar dreno e curativos por sete dias e colete cirúrgico por cerca de um mês. Sessões de fisioterapia também podem ser indicadas para restabelecer a movimentação do braço e ombro. Por fim, com relação ao câncer de mama, preocupação comum entre homens transgênero que realizaram a mastectomia, a BAPS afirma que as informações ainda são escassas, mas evidências apontam que os pacientes que passaram pelo procedimento e fazem uso de testosterona possuem menor risco de desenvolver a doença.

“Ainda assim, a realização anual de exames da parede torácica para identificação precoce do câncer de mama é fundamental, principalmente para pacientes com histórico familiar da doença”, finaliza o Dr. Alexandre Charão.

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