A Inteligência Artificial poderá ser uma ferramenta poderosa para a Medicina Reprodutiva, capaz de ajudar pacientes, desde a pré-concepção até o parto
Ultimamente, não se fala em outra coisa: a inteligência artificial (IA) está dominando os debates em vários segmentos. E já há pistas que ela pode ajudar a povoar o mundo.
“A inteligência artificial está transformando o mundo. A medicina é um campo em que a ela pode ajudar os profissionais de saúde e seus pacientes, especialmente em relação à pré-concepção, fertilidade e gravidez”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana.
“Para obstetras e especialistas em fertilidade, a inteligência artificial pode ter um alcance considerável, contribuindo para gestações mais saudáveis, melhores resultados e partos mais seguros”, acrescenta o médico.
Mas o que a inteligência artificial pode fazer de fato para quem deseja engravidar? “A IA já está bem envolvida em várias áreas de reprodução humana, especialmente para procedimentos de tecnologia de reprodução assistida. Ela pode ajudar a identificar embriões viáveis e saudáveis”, diz o médico.
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Um estudo de 2022 publicado na Current Opinion in Obstetrics and Gynecology afirmou: “A Inteligência Artificial tem sido usada para selecionar os embriões com alto potencial de implantação, estado de ploidia adequado, para prever o desenvolvimento posterior do embrião e aumentar as taxas de gravidez e nascidos vivos”. Segundo o Dr. Fernando, a IA pode ser usada de várias maneiras no tratamento de fertilidade, incluindo:
Modelagem preditiva. A IA pode ser usada para analisar os dados do paciente e prever a probabilidade de sucesso de diferentes tratamentos de fertilidade.
Análise de imagem. A IA pode ajudar a identificar os melhores embriões para implantação, após uma análise das imagens do embrião, como as obtidas durante a fertilização in vitro (FIV).
Planos de tratamento personalizados. A IA pode usar características individuais e histórico médico para elaborar planos de tratamento personalizados.
Monitoramento e rastreamento. A IA pode ser usada para monitorar e rastrear o progresso dos tratamentos de fertilidade.
Automação. A IA pode melhorar a eficiência automatizando certas tarefas, como agendamento de consultas ou solicitação de exames.
Pesquisa Clínica. A IA pode ser usada para analisar grandes quantidades de dados de estudos clínicos para identificar padrões e insights que possam ajudar a melhorar os tratamentos de fertilidade.
O Dr. Fernando explica que todas essas aplicações estão engatinhando e, embora existam muitos grupos trabalhando nelas, nenhuma delas é padrão de atendimento ainda. “Dito isso, estou confiante de que a IA desempenhará um papel integral no futuro dos cuidados de fertilidade”, enfatiza.
Apesar do progresso no diagnóstico da medicina pré-natal, ainda assim, uma grande quantidade das principais malformações permanecem não detectadas, e o tratamento padrão para estimar o resultado do nascimento depende do monitoramento clínico ‘cego’ do trabalho de parto, segundo o médico. A literatura publicada sobre o uso de IA sugere melhorias significativas nessas áreas.
“Os dados de IA podem ajudar os profissionais de saúde em diversas situações, como procurar sinais de doenças congênitas e determinar o risco de parto prematuro. A IA pode ser usada para analisar os dados do paciente e prever a probabilidade de complicações durante a gravidez, como diabetes gestacional. A IA pode ajudar a analisar imagens de ultrassom para detectar possíveis problemas”, explica.
Da mesma forma, a inteligência artificial pode fornecer alertas precoces aos profissionais de saúde se algum sinal preocupante for detectado durante o monitoramento. O rastreamento de gestações com inteligência artificial pode ajudar a obter melhores resultados, prever riscos e evitar complicações durante o trabalho de parto, como sugeriu um estudo de 2022 da Mayo Clinic.
“Uma vez validado com mais pesquisas, acreditamos que o algoritmo funcionará em tempo real, o que significa que cada entrada de novos dados durante o trabalho de parto de uma mulher grávida recalcula automaticamente o risco de resultado adverso”, projeta o Dr. Fernando.
A inteligência artificial não substituirá os profissionais médicos. No entanto, os médicos poderiam se beneficiar em termos de melhores resultados, carga de trabalho reduzida e custos de saúde reduzidos.
“A inteligência artificial deu o salto no tratamento do câncer de próstata e na detecção do câncer de mama. Quem sabe o que vai acontecer a seguir? Embora possa levar algum tempo para outros profissionais de saúde embarcarem e para que a tecnologia esteja pronta, a economia potencial, o melhor atendimento ao paciente e a perspectiva única podem fazer valer a pena esperar”, finaliza o Dr. Fernando Prado.
