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Por que abdominoplastia não é um tratamento para obesidade? Médico explica

Published 30/05/2022
Médico explica sobre a abdominoplastia

Médico explica sobre a abdominoplastia - Pexels/Dmitriy Ganin

Conforme a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética – em inglês, Internacional Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS) -, que é composta por cirurgiões de 110 nações, o Brasil pode ser considerado o campeão em cirurgias plásticas estéticas realizadas no mundo, pelo menos em 2019, último ano antes de iniciada a pandemia. Segundo a entidade, dos mais de 11 milhões e 300 mil procedimentos executados no ano retrasado, o país foi responsável por quase 1 milhão e 500 mil, cerca de 13% do total. A entidade destacou, ainda, que entre as cinco cirurgias que mais aconteceram no mundo estão a lipoaspiração e a abdominoplastia, feitas, respectivamente por 15% e 8,1% das pessoas.

Quais são as indicações para a abdominoplastia?

Ou seja, ambos procedimentos (abdominoplastia e lipoaspiração) têm grande destaque no mundo da cirurgia estética e deve-se esclarecer algumas dúvidas sobre as cirurgias, tendo em vista o massivo número de pessoas, principalmente no Brasil, que devem procurá-las nos próximos dias, meses e anos. Médico referência em cirurgia plástica no Brasil, o Dr. Wandemberg Barbosa esclarece inicialmente sobre as indicações da abdominoplastia. Conforme o médico-cirurgião, ao contrário do que muita gente pensa, esse tipo de procedimento não pode ser considerado tratamento para a obesidade, nem alternativa visando substituir alimentação balanceada e prática de exercícios físicos.

O cirurgião destaca que a abdominoplastia deve ser feita em pessoas que tenham condições cirúrgicas e que se encontrem relativamente em forma. Dito isso, conforme o médico-cirurgião, a principal indicação do procedimento é para quem sofre de diástase (afastamento) dos músculos retos abdominais e, também, flacidez na pele, depósitos de gordura e estrias na região da barriga. “Dessa forma, em geral, a abdominoplastia é bastante requisitada por mulheres que tiveram múltiplas gestações, pessoas que geneticamente possuem acúmulo de gordura na região da barriga ou quem teve perda substancial de peso”, diz.

Por outro lado, o procedimento não é recomendado para que desejam engravidar em um prazo médio de quatro a seis meses. Além disso, conforme o Dr. Wandemberg, pessoas obesas e fumantes devem redobrar a atenção nos exames pré-operatórios antes de se submeter a cirurgia, porque têm maior risco de apresentarem complicações nas cicatrizes. “No caso de pessoas com obesidade, recomenda-se que ela emagreça ou passe por uma lipoaspiração antes da abdominoplastia. O recomendado é o IMC até 30”, diz.

Aliás, em muitas ocasiões, a abdominoplastia e a lipoaspiração são realizadas em conjunto pelo cirurgião, recebendo o nome de lipoabdominoplastia. O Brasil, inclusive, foi pioneiro nesse tipo de procedimento, como ressalta o cirurgião.

Quais os benefícios e cautelas da associação entre abdominoplastia e lipoaspiração?

Entre os benefícios de se associar os dois procedimentos está o de conseguir um contorno corporal do tronco mais definido. “Muitas vezes, quando se realiza apenas a abdominoplastia, podem ‘sobrar gorduras’ em áreas onde não se retirou o excesso de pele (nos flancos ou dorso)”, diz o médico-cirurgião. Apesar das vantagens, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda cautela para a realização da lipoaspiração em conjunto com a abdominoplastia, orientando que o volume máximo de gordura aspirada não passe de 7% do peso corpóreo.

Como fica a cicatriz após a abdominoplastia?

Quando o assunto é cirurgia plástica, um dos grandes receios daqueles que se submetem a esse tipo de procedimento são as cicatrizes. O Dr. Wandemberg explica que a abdominoplastia, normalmente, requer uma incisão horizontal na região logo acima dos pelos pubianos, que se estende até próximo dos quadris, levemente curvada para cima. O excesso de pele do umbigo até o púbis é retirado em uma elipse.

Desse modo, segundo o médico-cirurgião, a cicatriz fica na parte de baixo do abdômen, podendo ser facilmente escondida pelas peças de roupa íntima. A incisão será proporcional a quantidade de pele retirada.

Segundo o Dr. Wandemberg, a cirurgia plástica no abdômen deve ser feita por um cirurgião plástico, membro da SBCP. O procedimento normalmente tem de três a quatro horas de duração. “O tempo varia conforme a extensão do tratamento, quantidade de tecido a ser removido e da associação ou não da lipoaspiração”, esclarece. No geral, de acordo com o médico-cirurgião, utiliza-se anestesia peridural ou geral, com sedação, sendo necessário somente um dia de internação no hospital.

O tempo de recuperação total do paciente acontece entre 30 dias a três meses após a abdominoplastia, quando entra na chamada fase de involução, onde acontece a cicatrização completa. Até chegar a esse momento, porém, alguns cuidados obrigatórios precisam ser tomados, como o uso de malha compressora, também conhecida como cinta pós-cirúrgica, por no mínimo 35 dias. “É também necessário evitar esforços físicos, como carregar peso, além de procurar manter-se numa postura levemente curvada durante os primeiros 15 dias”, orienta Dr. Wandemberg.

Outros cuidados que o paciente deve ter em seu período de recuperação são: evitar subir e descer escadas e, quando caminhar dentro de casa, que seja amparado por alguém; não dirigir; não usar roupas apertadas; não esticar demais o tronco e não se curvar muito para frente ao sentar-se; e evitar exposição ao sol e calor excessivo no local das suturas.


Sobre o Dr. Wandemberg

Dr. Wandemberg é cirurgião formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cirurgião oncológico formado pelo Hospital A.C Camargo – Fundação Antônio Prudente. Inclusive foi médico residente dessa instituição, terminando sua residência em 1981. Algum tempo depois, montou o Serviço de Cirurgia Oncológica do antigo Hospital Matarazzo (atual Hospital Humberto I), na capital paulista, onde atendia milhares de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1989, começou a trabalhar no Hospital 9 de Julho, também em São Paulo, onde instituiu um grupo de cirurgia oncológica, no qual atuou até 2005.

Em 1998, concluiu mestrado em Cirurgia Plástica Reparadora pela Faculdade Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e, em 1999, titulou-se especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Pela sua experiência e conhecimento, Dr. Wandemberg é reconhecido nacionalmente e internacionalmente, tendo levado inúmeros trabalhos em congressos. Além de ser membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, no Brasil, é “fellow” da The International College of Surgeons, “member ship”, na The European Society of Clinical Oncology, “associate member”, na The American Society of Plastic Surgeons e médico visitante no Massachuset’s General Hospital Boston, nos Estados Unidos, e The Royal Marsden Hospital, no Reino Unido.

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