Publicidade

Pele mais irritada e sensível em meio à pandemia pode ser fruto de um desequilíbrio no microbioma

Em cinco perguntas sobre o nosso ecossistema de bactérias, fungos e vírus presentes na pele, explicamos a influência que a pandemia está tendo sobre o microbioma e de que forma isso está afetando nossa pele

Pele mais irritada e sensível em meio à pandemia pode ser fruto de um desequilíbrio no microbioma – Freepik

Assim como o intestino, a pele tem seu próprio ecossistema único de bactérias, fungos e vírus que afetam seu funcionamento, sabia?

Publicidade

“Manter o equilíbrio desse microbioma é essencial para manter uma pele hidratada e brilhante. Em meio à pandemia de Covid-19, onde a atmosfera ultra-higiênica nos faz pensar mais sobre a interação da nossa pele com o meio ambiente, um desequilíbrio desse ecossistema pode favorecer a irritação, ressecamento e sensibilidade da pele”, afirmou a Dra. Roberta Padovan.

Na verdade, inúmeras estruturas do organismo possuem esse conjunto de microrganismos benéficos, como a boca, a vagina, a uretra e até mesmo a pele. “Na pele, esse pequeno ecossistema de bactérias tem muitas funções, controlando a colonização de organismos potencialmente patogênicos, modulando a resposta imune e auxiliando na manutenção da barreira da pele. Dessa forma, a microbiota cutânea é parte integrante da saúde da pele, desempenhando um papel especialmente significativo no combate ao surgimento de condições como dermatite atópica, psoríase e acne”, afirmou a dermatologista Paola Pomerantzeff.

+++ VEJA TAMBÉM: ‘Skincare natural’: Abóbora, batata doce e frutas cítricas são capazes de melhorar a saúde e a beleza da pele
+++ VEJA TAMBÉM: Máscara de carvão ativado limpa profundamente a pele e controla a oleosidade; saiba como fazer

Por isso, abaixo, especialistas responderam cinco perguntas para identificar as nuances que relacionam pandemia, microbioma e pele. Confira:

Publicidade

O que é o microbioma da pele?

“Nosso microbioma cutâneo se refere aos trilhões de organismos microscópicos, principalmente bactérias, que vivem sobre e nas várias camadas de nossa pele. Um microbioma de pele saudável ou ‘equilibrado’ é como uma floresta tropical diversificada – quanto mais cepas coexistem, mais saudável é a pele. O microbioma da pele é semeado no nascimento, único como uma impressão digital, e está em comunicação constante com seu ambiente e nossa pele. Nossos micróbios são responsáveis ​​por proteger a pele de patógenos, controlando a imunidade cutânea, a absorção de nutrientes e apoiando a barreira de proteção da pele. Gosto de dizer que o microbioma da pele é como o centro de controle. O skincare precisa funcionar levando em consideração todos os microrganismos benéficos presentes na pele”, explicou Dra. Roberta.

Por que é importante que o microbioma da pele permaneça equilibrado?

Publicidade

“Quando se trata da saúde do microbioma da pele, é especialmente importante focar na saúde e na diversidade da barreira cutânea. Ela atua como um escudo protetor inteligente, cuja principal função é servir como a interface do corpo com o mundo exterior. Quando está saudável e funcionando em sua capacidade ideal, a barreira atua como uma membrana biodinâmica, constantemente tomando decisões sobre o que pode entrar na pele e o que é bloqueado. Uma barreira saudável retém a umidade e mantém irritantes e patógenos potenciais do lado de fora. Em outras palavras, uma barreira saudável protege contra inflamação e infecção. Em contraste, quando até mesmo uma cepa no microbioma de nossa pele cresce demais e começa a expulsar as outras, isso leva à “disbiose”, ou desequilíbrio. Quando ocorre, começam a surgir problemas na pele, dependendo da predisposição genética da pessoa, incluindo acne, eczema, rosácea e psoríase. Mas também pode aparecer como uma pele teimosamente sensível e até mesmo acelerar os sinais de envelhecimento da pele, como perda de elasticidade, tom irregular e rugas”, destacou Roberta.

E, uma das melhores maneiras de cuidar do microbioma cutâneo é através da adoção de cosméticos formulados com probióticos em sua rotina diária de cuidados com a pele. “Os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, são capazes de conferir benefícios à saúde da pele por ajudarem no equilíbrio da microbiota cutânea, fortalecendo a barreira da pele para promover a reparação do tecido, reduzir a sensibilidade, atuar no controle da acne e dermatites, combater a ação dos radicais livres e prevenir o envelhecimento precoce”, destacou Isabel Piatti, Consultora Executiva em Estética.

O que está comprometendo o microbioma da pele na vida moderna?

Publicidade

“Cuidar da microbiota da pele é especialmente importante agora, pois, devido ao nosso estilo de vida moderno, com banhos quentes e dietas desbalanceadas, esse ecossistema delicado sofre constantes agressões que prejudicam seu equilíbrio, o que pode resultar em uma pele mais seca, inflamada, estressada e sensível, além de favorecer a instalação, proliferação e fortalecimento de bactérias patógenas, ou seja, que podem causar doenças de pele. Outro hábito presente no nosso estilo de vida moderno inclui o excesso de higiene, os produtos que usamos (muitas vezes abrasivos) e nossa exposição reduzida à natureza, o que diminuí nossa diversidade microbiana, tornando-nos mais suscetíveis à disbiose associada a condições inflamatórias crônicas da pele, como secura, superprodução de sebo, acne, vermelhidão e condição inflamatória. Segundo estudos, nossa diversidade bacteriana diminuiu drasticamente em relação aos nossos ancestrais”, destacou a Dra.

Mas, além do uso de produtos com probióticos, é importante tomar alguns cuidados para evitar que a microbiota cutânea seja danificada. “É importante, por exemplo, sempre optar por tomar banhos frios ou, no máximo, mornos, pois a água quente remove a barreira de proteção e as bactérias benéficas da pele, tornando-a mais propensa a agressores externos e agentes patógenos”, aconselhou a Dra. Paola.

Como a pandemia de Covid-19 está causando impacto no microbioma da pele?

Publicidade

“A pandemia levou naturalmente a uma atmosfera hiper-higiênica. Ao esfregar as mãos com sabão e usar desinfetante ou álcool ao longo do dia para reduzir a infecção viral, também retiramos de nossa pele os óleos naturais e as bactérias saudáveis ​​que protegem nossa barreira. Além disso, o próprio estresse da pandemia também tem relação com a disbiose cutânea. Nossa pele não está suficientemente equipada para lidar com tudo isso, o que levou a muitos problemas de pele irritada e sensível. Por isso, hoje devemos pensar sempre em incluir produtos de limpeza suaves e uso de hidratantes com probióticos tópicos na pele, além de melhorar a alimentação com fibras que beneficiam a microbiota intestinal, que também tem forte relação com a pele”, enfatizou Roberta. 

O que incluir, evitar, fazer e não fazer para beneficiar o microbioma da pele?

O que incluir: “Com relação à inclusão na rotina skincare, podemos incorporar pré e próbióticos que apoiem ​​um microbioma saudável. Esses ingredientes podem ajudar na manutenção e equilíbrio do microbioma para ajudar a pele a se recuperar mais rapidamente de ingredientes ameaçadores. Podemos usar ingredientes derivados da fermentação, como lisados ​​e filtrados bacterianos, que contêm metabólitos secundários ricos que nutrem a pele e o microbioma”, disse a Dra.

O que evitar: “Evite álcool no rosto. Eles são frequentemente encontrados em toners, e as pessoas com acne ou pele oleosa adoram como eles desengorduram a pele, mas isso tem um custo tremendo. Esses álcoois ressecantes danificam o microbioma e, por sua vez, a barreira da pele. Eles costumam ser listados nos rótulos como álcool SD, álcool desnaturado, álcool etílico ou álcool isopropílico. Por outro lado, os álcoois hidratantes, ou álcoois graxos, como o álcool cetílico, estearílico e cetearílico, são bons para a pele. Esses álcoois são emolientes, o que significa que mantêm a pele hidratada e flexível”, explicou a médica.

O que fazer: “Opte por produtos suaves com listas de ingredientes limpas e simplificadas. Estar mais atento ao microbioma da pele melhorará a saúde da pele em sua origem. Na verdade, você pode perceber que alguns dos problemas de pele que está tentando resolver com seu regime de beleza como ressecamento, acne, vermelhidão, rugas, são na verdade causados ​​pelo uso excessivo de produtos abrasivos. Quando a barreira da pele está comprometida, foque em ingredientes nutritivos, incluindo babosa, óleo de jojoba, manteiga de karité, oligomix, nutriomega 3, 6, 7 e 9 e óleo de esqualano”, disse.

“Outra dica do que fazer é simplificar o regime de beleza. Menos é mais. Os rituais de cuidado com a pele de 10 etapas expõem a pele a centenas de produtos químicos que colocam muito estresse na pele e no microbioma, causando desequilíbrios, sensibilidades e problemas de pele combinados. Alguns de nossos ingredientes ativos para a pele mais poderosos, aqueles com montanhas de evidências apoiando os benefícios para a pele, são potencialmente irritantes e podem enfraquecer a barreira da pele se usados ​​incorretamente. Tenha sempre a orientação de um médico que pode intercalar, por exemplo, ácidos com nutritivos noturnos e produtos calmantes”, explicou Roberta.

Alimentação

Por fim, é indispensável também investir em uma alimentação balanceada, que, além de contribuir para a saúde da pele e a manutenção do microbioma cutâneo, ainda ajuda no equilíbrio da microbiota intestinal, que, por ter impacto direto na inflamação e na modulação da imunidade, também está relacionada à saúde da pele.

Por isso, também aposte no consumo oral de probióticos, que podem ser encontrados em alimentos fermentados, como kombucha e missô, e alguns queijos e iogurtes. “Vale a pena investir também nos prebióticos, componentes naturais presentes em alimentos como aveia, alho, cebola, frutas vermelhas e banana que, ao chegarem no intestino, promovem o crescimento de bactérias benéficas, ou seja, de probióticos”, recomendou a Dra. Marcella Garcez.

“Em contrapartida, guloseimas, alimentos fritos em imersão e ultraprocessados, ricos em sal, açúcar refinado, gordura saturada e trans devem ser evitados, pois favorecem a proliferação de bactérias prejudiciais que causam inflamação e reduzem a imunidade”, finalizou.