Aprimorar a oratória pode ajudar no controle da ansiedade
As técnicas da oratória ajudam na melhora da ansiedade e nas relações sociais, prejudicadas pela pandemia
As técnicas da oratória ajudam na melhora da ansiedade e nas relações sociais, prejudicadas pela pandemia
A pandemia do coronavírus gerou desconforto para muita gente. Isso se estende para o lado financeiro, para a economia, mas também teve um grande impacto na vida social das pessoas. Nem todos se sentem à vontade para frequentar lugares abertos, bares, restaurantes ou de convívio social como antes. E isso aconteceu por causa da ansiedade social.
Não é raro que as pessoas tenham desenvolvido essa condição nos dias de hoje. As seguidas quarentenas, medo da doença, internações, morte de conhecidos, parentes e amigos são eventos que podem desencadear este tipo de ansiedade.
Além de não se sentir confortável em sair, a pessoa pode, inclusive, desenvolver sinais de estresse e fobia social, que é o não saber mais como interagir com pessoas.
Os desafios de uma nova era
De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com a Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), 40% dos brasileiros se sentiram frequentemente tristes ou deprimidos e 52% frequentemente ansiosos ou nervosos em 2020. Já 43% relataram início de problemas de sono. A pesquisa ouviu 45.161 brasileiros de todas as regiões do país.
“O cenário de uma pandemia traz consigo inúmeras incertezas. No caso da Covid-19, a mudança repentina na rotina foi a primeira situação que todos tivemos que enfrentar”, comenta a psicóloga Karina Conte Brandão. “Na psicologia falamos que em momentos assim as pessoas perdem seu mundo presumido: a mudança na rotina implica em ser privado da liberdade de ir e vir, afastar ou isolar-se fisicamente das pessoas de seu círculo social, assumir novas responsabilidades em casa e/ou no trabalho, que acabam por aumentar o estresse. A incerteza sobre a doença, possíveis tratamentos e o grande número de óbitos deixa as pessoas em estado de alerta, uma vez que a saúde fica ameaçada. Neste período pudemos observar significativo aumento nos números de casos de ansiedade e depressão”.
São muitos os desafios que as pessoas precisam atravessar depois de uma onda de pandemia. Precisamos recolher os cacos e restaurar não só nossas relações com os outros, mas muitas vezes com nós mesmos.
A autoconfiança permite que você tenha pleno domínio de suas habilidades mentais. E de como você vai organizar e transmitir as ideias que quer. Isso, porém, também é repassado para o seu corpo: a sua expressão corporal.
Quando você domina não só a mente, mas também o seu corpo, é possível passar mensagens com mais clareza e, assim, mais pessoas vão entender o que você quer dizer. Exercícios físicos, boa alimentação e o aprimoramento de habilidades sociais podem ser a solução para muitos dos problemas que surgiram nos tempos atuais.
Um exemplo de como é possível aprimorar soft skills é o aprendizado da oratória – e aprender a lidar com os seus medos relacionados à sociabilidade e minimizar os impactos causados pela ansiedade social. Uma vez que você controla o que pode te paralisar, é possível finalmente quebrar obstáculos e perceber que tudo aquilo não era um bicho de sete cabeças que você acreditava ser.
“O curso de oratória pode ajudar muito uma pessoa com ansiedade social, porque há mentorias particulares para aumentar a confiança desse aluno em relação a ele ser mais sociável, ter mais entusiasmo, perder o medo e a fobia social. E como isso é feito? Treinando técnicas. Porque quando o aluno treina técnicas, ele sente mais confiança. Ao aprender uma técnica de linguagem não verbal, por exemplo, de modulação de voz, storytelling e apresentação do estado da arte. Tudo vai contribuir para que a pessoa fique muito entusiasmada com as técnicas de oratória e perca o medo de falar em público”, comenta o empreendedor Luis Fernando Câmara.
Com aprendizado, treino e prática, o nervosismo vai ficando de lado. E, apesar de sempre existir, o que é completamente comum na existência humana, ele passa para o segundo plano.
“A oratória pode ser uma estratégia para enfrentamento da ansiedade, como recurso para exposição. Quando a pessoa apresenta dificuldade em falar em público, organizar sua fala, ser assertiva em suas colocações, as técnicas da oratória podem auxiliar na dessensibilização do indivíduo, encorajando-o a enfrentar situações em que tenha medo de se expor”, explica Karina Brandão.
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Reconhecer o problema é o primeiro passo
De acordo com um trabalho publicado na revista Brazilian Journal of Health Review, desenvolvido por acadêmicos do Centro Universitário Tiradentes, “o sistema nervoso central é diretamente afetado em um contexto de pandemia e mudanças comportamentais e cognitivas podem resultar em desfechos negativos na vida dos indivíduos”. Além disso, outros impactos na saúde são relatados, como aumento do consumo de álcool, ganho de peso, diminuição de atividade física, aumento dos níveis de cortisol e acentuação de outros transtornos psiquiátricos.
“É perfeitamente possível aliviar os sintomas. Mas antes é importante entender o que é a ansiedade social e aceitar esta realidade. No transtorno de ansiedade social (TAS) a pessoa é temerosa, ansiosa ou se esquiva de interações e situações sociais que envolvem a possibilidade de ser avaliado. Na maioria das vezes a pessoa perde o controle de suas emoções, sentimentos e comportamento que são diretamente influenciados por seus pensamentos em relação ao futuro”, afirma Karina. “Quando a pessoa passa a compreender e pode nomear o que está sentindo, a terapia comportamental cognitiva (TCC) utiliza diversas técnicas no manejo dessa ansiedade, que variam desde técnicas respiratórias até a exposição às situações geradoras da ansiedade”, completa a psicóloga.
Reconhecer que existe um problema, portanto, é o primeiro passo para buscar soluções. Seja por meio de ajuda profissional psiquiátrica, médica, ou até mesmo na hora de aprimorar suas habilidades sociais e ganhar autoconfiança ao retomar as atividades sociais ou se expressar melhor.
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