Após Covid-19, pacientes podem apresentar sintomas de depressão e ansiedade, conforme estudo
Pesquisadores da USP apontaram crescimento do desenvolvimento de transtornos em pessoas que foram hospitalizadas por Covid-19
Pesquisadores da USP apontaram crescimento do desenvolvimento de transtornos em pessoas que foram hospitalizadas por Covid-19
Desde 2020 o mundo vem sentindo os impactos da pandemia de um vírus que já causou a morte de mais de cinco milhões de pessoas globalmente. O surto de Covid-19 desencadeou uma série de problema indiretos, como a piora da saúde mental da população. Mas, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostrou uma outra associação: o desenvolvimento de sintomas depressivos e de ansiedade em pacientes que foram infectados pelo novo coronavírus.
O objetivo dos pesquisadores foi justamente analisar alterações psiquiátricas em pessoas que tiveram Covid-19 nos níveis moderado e grave. Com a participação de 425 voluntários, os pesquisadores fizeram uma observação de seis a nove meses após a alta desses pacientes. Os participantes foram submetidos a uma entrevista com um psiquiatra, com o mesmo tipo de avaliação utilizado para diagnósticos de transtornos psicológicos
O Brasil já é um país em que a população já sofre muito com problemas de saúde mental, e o resultado do estudo dos pesquisadores da USP destacam um cenário preocupante: dos participantes, 15,5% receberam o diagnóstico de ansiedade generalizada. Ainda, 13,6% foram identificados com estresse pós-traumático e 8% com sintomas de depressão.
Para se ter uma ideia, os índices são maiores que a média de dois transtornos entre a população brasileira: a taxa de ansiedade generalizada é de 9,9%, enquanto a incidência de depressão no Brasil está entre 4% e 5%. “Após o início da pandemia, a prevalência de ‘depressão’ e ‘transtorno de ansiedade generalizada’ foi de 2,56% e 8,14%, respectivamente”, afirmaram os pesquisadores, no estudo.
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Os pesquisadores também fizeram uma análise cognitiva dos participantes, em pontos como memória e atenção. O resultado foi maior do que as taxas de transtornos: 51,1% dos pacientes que tiveram Covid-19 relataram um declínio na memória. “Os resultados psiquiátricos ou cognitivos não foram associados a nenhuma variável clínica relacionada à gravidade da doença em fase aguda, nem a estressores psicossociais relacionados à doença”, comunicaram os pesquisadores.