Como o suplemento de melatonina ajuda no sono? Veja todos os detalhes sobre o produto

Em outubro de 2021, a Anvisa aprovou o suplemento de melatonina no Brasil, mas é importante que o seu uso seja prescrito por um médico

Suplemento de melatonina para o sono – Freepik/freepik

Uma boa noite de sono é um bálsamo para o nosso organismo, mas nem todo mundo consegue dormir com qualidade. De acordo com a Associação Brasileira do Sono, 73 milhões de brasileiros têm dificuldades para dormir. Em outubro deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o suplemento de melatonina que pode ser prescrito por médicos para ajudar em tratamentos de distúrbio de sono. 

Publicidade

Mas, afinal, o que é melatonina? O farmacêutico naturopata, Jamar Tejada, explica que a substância é um hormônio já produzido de forma natural pelo organismo, em que a sua secreção, nos seres humanos, ocorre durante a noite, quando tudo começa a escurecer. O gatilho para a produção são receptores dos olhos, que identificam a ausência ou presença de luz, e iniciam o processo de geração de melatonina. O objetivo do hormônio é contribuir com a regulação do ciclo circadiano, o ‘relógio biológico’ que nos ajuda a dormir e desempenhar atividades”

Se você tem aquele hábito de usar o celular antes de dormir, por exemplo, saiba que isso pode prejudicar a sua noite de sono. Ao coletar dados de 125.198 crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 19 anos, um estudo do King’s College, de Londres, constatou resultados como má qualidade de sono, obesidade e depressão com o uso do aparelho na hora de descansar. “Por isso é importante evitar a luminosidade na hora de ir para a cama, estímulos sonoros ou aromáticos que possam acelerar o metabolismo e diminuir a produção de melatonina, fazer o que se chama de ‘higiene do sono’”, ressalta o farmacêutico. 

+++ A qualidade do sono pode afetar o seu sistema imunológico

SUPLEMENTO DE MELATONINA

Jamar Tejada lembra que a produção natural de melatonina reduz com o passar dos anos, “por isso que os distúrbios de sono são mais frequentes em adultos ou idosos”. O farmacêutico diz que é possível a obtenção de melatonina por suplementos – em que no Brasil há a opção de encontrar melatonina de origem vegetal -, mas que devem ser consumidos sob orientação médica. O administrador Ricardo Maia fala que a suplementação serve para “casos de má qualidade do sono, quando o indivíduo demora para dormir após deitar-se ou apresenta problemas de sono em decorrência de enxaqueca ou menopausa”

Publicidade

Ricardo ainda afirma que apenas o suplemento não é capaz de resolver todo tipo de distúrbio de sono. “Pacientes que sofrem de insônia crônica terminal nem sempre se beneficiam do suplemento de melatonina”. Outro ponto importante, ressaltado pelo farmacêutico naturopata, Jamar Tejada, é que “a melatonina não é hormônio do sono, e sim da escuridão. Ela não induz sono, ela facilita que ele venha a ocorrer”.

+++ Dificuldade para dormir? Veja como a lavanda pode ser uma aliada de um sono de qualidade

USO DO SUPLEMENTO EM CRIANÇAS

Publicidade

Quando se trata do uso do suplemento em crianças, é importante estar atento a alguns pontos. Jamar Tejada cita uma afirmação do Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (NCCIH), um departamento do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, em que parece ‘ser seguro para a maioria das crianças para uso de curto prazo’. No entanto, a agência fala que há dúvidas sobre a dosagem e o momento ideal de administrar o produto

“Os efeitos colaterais documentados em crianças incluem sonolência, dores de cabeça, agitação e aumento da urina ou enurese diurna, o conhecido xixi na cama. Também existe o risco de a melatonina interagir de maneira prejudicial com medicamentos às vezes prescritos para reações alérgicas em crianças, explica o farmacêutico. Além disso, ele ressalta o alerta da agência no impacto que o suplemento pode causar no desenvolvimento hormonal de crianças e adolescentes.

ATENÇÃO COM A DOSAGEM DO SUPLEMENTO DE MELATONINA

Segundo o farmacêutico, muitos produtos com melatonina são vendidos com excesso da dosagem necessária para a indução do sono. “Nos estudos originais do final dos anos 1980, a melatonina induzia com sucesso o sono quando ministrada em dosagens entre 0,5 a 1,0 miligramas diários à noite. Atualmente, encontramos doses que ultrapassam até mesmo 100mg em lojas ou na internet”.

Publicidade

SUPLEMENTO DE MELATONINA: EXISTEM EFEITOS COLATERAIS?

O administrador Ricardo Maia afirma que os efeitos colaterais são raros. “Mas, a probabilidade de ocorrer aumenta quando a quantidade ingerida é maior do que a recomendada”. Ainda que suas ocorrências possam ser baixas, Jamar Tejada lista os efeitos colaterais que podem surgir, como:

•    Fadiga ou sonolência excessiva durante o dia;
•    Falta de concentração;
•    Piora da depressão;
•    Dor de cabeça ou enxaqueca;
•    Dor abdominal ou diarreia;
•    Perda do apetite;
•    Irritabilidade, nervosismo, ansiedade ou agitação;
•    Sonhos vívidos ou pesadelos;
•    Tontura, fraqueza ou confusão mental;
•    Aumento da pressão arterial;
•    Náusea ou dor de estômago;
•    Aftas ou boca seca;
•    Dermatite, formação de bolhas na pele, coceira generalizada ou pele seca;
•    Dor no peito, nas articulações ou nas costas;
•    Pele ou olhos amarelados;
•    Sintomas de menopausa como ondas de calor ou suor noturno;
•    Presença de açúcar ou proteínas na urina;
•    Aumento de peso.

“Em crianças, o suplemento de melatonina, também pode causar crises convulsivas e, por isso, o uso deve sempre ser feito com indicação e orientação do pediatra.”

Publicidade

CONTRAINDICAÇÕES

Gestantes ou mulheres que estão amamentando não devem utilizar o suplemento, ou pessoas que são alérgicas à melatonina ou outro tipo do componente da fórmula, como alerta o farmacêutico. “A melatonina pode causar sonolência durante o dia, por isso, deve-se ter precaução ou evitar atividades como dirigir, utilizar máquinas pesadas ou realizar atividades perigosas”.

Outro ponto de atenção, conforme Jamar Tejada, é que se deve “evitar doses maiores que 1 mg, a não ser que tenham sido prescritas pelo médico, pois o risco de desenvolver efeitos colaterais é maior”.