Que barulho! A poluição sonora pode provocar diversos problemas no organismo, como doenças cardiovasculares

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera os altos níveis de ruídos da vida urbana como um problema de saúde pública

Problemas de saúde por conta de poluição sonora nas cidades – Pexels/Joey Lu

Buzinas, obras, músicas altas, motor de moto e carro: esses são alguns dos elementos sonoros que fazem parte da vida urbana e que muitas vezes não respeitam a Lei do Silêncio, em que das dez horas da noite até às sete da manhã os ruídos não podem ultrapassar 50 dB e, durante o dia, não podem passar de 70 dB. 

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Os problemas vão além do incômodo com um lugar barulhento, pois a poluição sonora – atrás apenas da poluição do ar – afeta a nossa saúde desde o estresse até problemas cardiovasculares. Para o coração, o ruído ambiental ou poluição sonora está associado ao aumento de hipertensão arterial, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e derrames, aponta a otorrinolaringologista Dra. Maura Neves. Por conta desses ruídos, a médica também explica que estudos indicam o aumento dos “níveis de estresse oxidativo vascular e hormônios do estresse”. A consequência disso é a alteração da “resposta regenerativa das células dos vasos sanguíneos e predispõe a doenças cardíacas”

Um estudo alemão de 2012, chamado de The Heinz Nixdorf Recall Study, mostrou o crescimento no nível de calcificação da aorta de pessoas que viviam perto do barulho intenso do tráfego de estradas. 

Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a poluição sonora é considerada um problema de saúde pública, em que 10% da população mundial está exposta aos elevados níveis de pressão sonora. A otorrinolaringologista diz que, geralmente, esses ruídos não chegam a levar perda auditiva, mas ressalta: “Quanto maior o ruído, menor o tempo de exposição possível sem ocorrer lesão auditiva”. A Dra. Maura explica que ficar exposto por muito tempo a ruídos de 65 a 70 dB – o equivalente a uma rua muito movimentada ou um restaurante cheio – já causa danos à saúde por aumentar o estresse oxidativo. O risco de surdez aumenta quando os sons ultrapassam o limite do ouvido humano, que é aproximadamente 90 dB.

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Outros problemas na qualidade de vida que a médica cita são: interferência no sono, concentração, na comunicação e recreação. “Há alguns estudos recentes que sugerem que o excesso de ruído pode acarretar sintomas de hiperatividade, sem, porém, causar outros problemas mentais”

No ambiente escolar, por exemplo, isso pode afetar o desenvolvimento das crianças, pois pode atrapalhar o “desempenho cognitivo como leitura e memória, além de resposta a testes”.

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CUIDADOS

Mesmo que não dê para fugir muito do ambiente urbano, a Dra. Maura fala de algumas medidas que podem ajudar a diminuir a exposição aos ruídos, como:

  • Tentar evitar locais ruidosos. “Não fique ao lado de caixas de som e use protetores de ruído em ambientes barulhentos”;
  • Não usar fones de ouvido com volumes alto;
  • “Além disso, condições de saúde como qualidade de alimentação, diretamente relacionadas com níveis de glicose e colesterol, por exemplo, interferem na saúde da audição e podem predispor lesões”, complementa.

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