Nos últimos dias o estado de São Paulo tem enfrentado um fenômeno que vem se tornando mais frequente em nossa realidade: uma tempestade de areia. Muitas imagens percorreram as redes sociais com nuvens completamente empoeiradas que são espalhadas com o vento.
No dia 03 de outubro esse caso foi registrado nas cidades de Catanduva, Novais, Santa Adélia e Olímpia. Com o transtorno provocado pela tempestade, muitos moradores estão enfrentando situações complicadas, e a saúde não fica de fora dessa, em que a alergista e imunologista Dra. Brianna Nicolletti diz que a “grande carga de poeira, poluentes e até microorganismo são inalados de uma vez só”. Isso porque as partículas dessas nuvens são facilmente respiráveis, como comenta a alergista, pois “as partículas de poeira, no geral, apresentam um tamanho entre 2,5 e 10 mícrons”
Os danos ao organismo são diversos, afetando desde os pulmões até a região ocular. A alergista explica que esse acúmulo de areia pode “entrar pelo nariz e pela boca e alojar-se na traqueia, nos brônquios ou até alvéolos dos pulmões” o que pode desenvolver um “processo inflamatório com prejuízos à saúde, como traqueíte, bronquite e pneumonites”.
GRUPOS DE RISCO
A Dra. Brianna Nicolletti aponta as seguintes pessoas com mais suscetibilidade a sofrerem mais com os danos da onda de areia:
Pessoas com problemas pulmonares, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC);
Asmáticos;
Idosos;
Imunossuprimidos;
Mulheres grávidas;
Crianças.
Com essas partículas pelo ar, os olhos também são afetados pela condição. O Dr. Hallim Feres Neto, oftalmologista do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), fala sobre o que acontece quando não se resiste àquela vontade de coçar os olhos em um momento desses: “Quando coçamos os olhos com areia dentro, essa areia vai fazer fricção na córnea e machucar ainda mais. Esses machucados, além de serem doloridos, deixam os olhos mais susceptíveis a infecções”. A Dra. Brianna ainda ressalta que a região pode sofrer com alergias como conjuntivite e até lesões por conta das coçaduras e “pela sensação de corpo estranho”.
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Apesar dos transtornos que a tempestade de areia vem causando na vida de muitos, vale seguir orientações para se prevenir. A alergista e imunologista pontua alguns cuidados:
- Evitar se expor muito tempo à poeira;
- Permanecer em ambientes fechados, principalmente durante a presença das nuvens;
- Permaneça em locais distantes de queimadas ou que podem ter essa possibilidade;
- Cubra as fontes de água, como poços e contêineres, como forma de evitar contaminações;
- Umedeça o chão antes de varrê-lo, para que a poeira não suba no ar.
- Utilize protetores faciais que cubram, completamente, o nariz e a boca, como máscaras ou lenços de pano úmido.
Em relação aos olhos, o Dr. Hallim Feres Neto recomenda as seguintes precauções:
- Vire-se contra o vento, feche os olhos e utilize alguma proteção no rosto;
- Caso caia alguma partícula na região, ele orienta “evitar ao máximo coçar e esfregar os olhos”;
- Se cair algo, lave, de preferência, com água filtrada. Caso não tenha, pode utilizar água corrente. É importante “lavar bastante, pelo menos 10 minutos”.
“Se mesmo assim ainda tiver desconforto ou sentir que ainda tem algo nos olhos, o médico oftalmologista consegue visualizar com o microscópio no consultório, e retirar qualquer coisa que ainda esteja machucando e tratar corretamente as lesões que tenham aparecido”, explica.