A pandemia do coronavírus certamente nos deixa preocupados com a possibilidade de nos infectarmos com a nova doença. Porém, é importante manter os cuidados que tínhamos com outros aspectos da saúde antes desse momento complicado surgir. Para a saúde da mulher, os exames de rotina continuam sendo fundamentais.
O ginecologista e obstetra César Patez ressalta a importância de consultas regulares ao médico. “A consulta anual com o ginecologista investiga possíveis alterações nas mamas e nos órgãos pélvicos, em especial o útero, ovários, vagina e trompas”, explica. “O exame colpocitopatológico, conhecido como exame preventivo, é um dos principais métodos de investigação precoce do câncer de colo do útero, por exemplo.”
Ele indica os exames que precisam fazer parte da rotina e a frequência em que cada um deve ser feito.
“Os exames ginecológicos são muito abrangentes, mas precisamos, a partir de uma boa análise, selecionar cada um dependendo dos sinais apresentados pela paciente”, afirma. Entre os principais que se fazem necessários todo ano, estão o papanicolau, que geralmente é feito junto com a colposcopia.
“O papanicolau serve para rastrear a saúde genital a partir de uma coleta de células do colo uterino, com espátula e escovinha. Já a colposcopia é um procedimento que avalia o útero e os tecidos da vagina e vulva por meio de um instrumento que amplia e ilumina estas estruturas”, explica.
Além disso, outros exames fazem parte de um check-up anual. “A ultrassonografia endovaginal, vulvoscopia, toque vaginal e rastreio das mamas, tanto no exame físico como pela ultrassonografia e mamografia em pacientes acima dos 40 anos, são essenciais.”
Já a ressonância pélvica, laparoscopia e a histerossalpingografia funcionam como uma boa complementação de diagnóstico. O especialista descreve as principais finalidades de cada um:
“A histerossalpingografia é um raio-x com contraste para visualizar trompas e cavidade uterina. A laparoscopia, por sua vez, consiste em uma pequena incisão na região a ser examinada, por onde se introduz o laparoscópio, fino tubo de fibras óticas, através do qual é possível visualizar os órgãos internos e fazer intervenções diagnósticas”, pontua o profissional.
“Exame de imagem bem comum, a ressonância pélvica investiga as estruturas inseridas na pelve. É nela que estão localizados os órgãos genitais e vários músculos importantes para o bom funcionamento do corpo”, acrescenta.
César Patez também adverte que a covid-19 pode agravar os sintomas de doenças ginecológicas. Por isso, é fundamental se proteger do vírus ao comparecer a consultas presenciais: “Uma portadora de uma doença ginecológica grave tem pior prognóstico caso contraia o coronavírus, principalmente as pacientes em tratamento oncológico. O uso de máscaras e álcool em gel, e o distanciamento social são sempre muito bem-vindos para evitar a contaminação”.
Os casos de gestantes apresentam ainda mais risco. “Ressalto que as grávidas precisam de cuidados específicos, pois os efeitos do vírus sobre a gestante em alguns casos pode comprometer o transcorrer da gestação. Até o presente momento, sabemos que a transmissão vertical, de mãe para filho, foi observada em alguns bebês. Então, defendo que a vacinação deve ser priorizada nesse grupo seleto de pacientes”, alerta.
“Certamente é um período de risco, mas o não comparecimento às consultas de rotina na saúde da mulher pode retardar diagnósticos e adiar o início de um possível tratamento. Não negligencie os cuidados com a saúde. Não deixe de se cuidar”, completa.