Em meio a uma sociedade repleta de refrigerantes, batatas fritas e outros alimentos do chamado fast food, os reflexos na saúde são nítidos. É importante ressaltar que isso não tem relação com questões estéticas, mas sim com uma doença crônica que acarreta muitos problemas ao organismo: a obesidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define que a enfermidade é um acúmulo anormal ou excessivo de gordura no corpo.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003 para 2019 houve um aumento de 12,2% para 26,8% de brasileiros obesos com mais de 20 anos. Essa condição é um fator de risco para doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e problemas ortopédicos.
E quando se trata das articulações, o médico ortopedista Dr. Luiz Felipe Carvalho fala que esses danos são causados justamente por conta da sobrecarga nessas regiões, como os joelhos e os pés. “O obeso, normalmente, tem o maior índice de artrose”, ou seja, “o desgaste das articulações”.
A absorção de um impacto e a força nas articulações são divididas entre: músculo, osso, cartilagem, tendões e ligamentos. “Então, uma vez que eu tenho o desbalanço de qualquer um desses cinco critérios, eu vou ter um aumento de sobrecarga na articulação”. Por isso, o ortopedista afirma que uma pessoa obesa deveria ter uma massa muscular para suportar essa carga, pois “quanto menor massa muscular ele tiver, pior vai ser para a articulação”.
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O mesmo vale para a coluna, que por sofrer um maior desgaste devido a sobrecarga pode desenvolver hérnia de disco e aumento de artrose das facetas, como diz o Dr. Luiz Felipe Carvalho.
Esse impacto é diferente entre adultos e crianças obesas. “Por exemplo, no quadril, as crianças podem fazer uma afecção que chama epifisiólise, que é um escorregamento da placa de crescimento do quadril”, explica o ortopedista, que cita os dois motivos desse problema causado pela obesidade: o aumento do peso e o enfraquecimento da placa.
TRATAMENTOS
De uma alimentação voltada para ações anti-inflamatórias até a perda de peso de forma consciente, o ortopedista fala sobre as formas de tratar e ajudar nos problemas ortopédicos causados pela obesidade:
- Alimentos sem glúten, açúcares e laticínios – mais por conta da caseína, uma proteína inflamatória. Isso porque “o obeso tem uma síndrome metabólica inflamatória” e, dessa forma, já é possível “diminuir o grau inflamatório da obesidade e, consquentemente, o grau inflamatório das articulações”.
- Diminuição de peso com consciência, com exercícios físicos de baixo impacto, para “não ocorrer o risco de desgastar além do normal aquela articulação”. Quando se trata da cirurgia bariátrica, o Dr. Luiz Felipe Carvalho explica: “Ela tem uma perda de peso muito acentuada, só que também a gente não perde só gordura, a gente também perde massa magra. E acaba acontecendo o que se chama de sarcopenia (perda de músculo) por insuficiência”.
O ortopedista afirma que as mesmas recomendações valem para as crianças, embora elas sejam mais difíceis de controlar para não correr tanto, por exemplo. Mas é sempre importante consultar um médico para que cada um receba a orientação adequada de acordo com o próprio organismo.