Um dos requisitos principais de proteção sanitária contra a Covid-19 e, até mesmo, contra outros tipos de vírus, como Influenza, é a utilização de máscara tanto em ambientes abertos quanto fechados. O governo de São Paulo, por exemplo, chegou a anunciar, no ano passado, a flexibilização para o uso do material. Mas, com o novo surto de coronavírus, após a chegada da variante Ômicron, além da alta de quadros gripais, o governo não aplicou a medida.
Quando se fala de ambientes, os transportes públicos estão entre os mais preocupantes para contaminações. À pedido da CNN, a Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC) realizou um estudo sobre esses veículos, e o resultado foi de que esses transportes apresentam um grande risco para a disseminação da Ômicron – mais transmissível que outras variantes.
A teoria difere da realidade: a pesquisa apontou que para controlar a contaminação em um ônibus com 45 pessoas sentadas e 50 em pé, cerca de 243 litros de um novo ar deve ser inserido no veículo, por segundo. No entanto, apenas 100 litros a cada segundo adentram um ônibus nessas condições.
Mesmo assim, existem muitas pessoas que insistem em não utilizar a máscara e quem cobra uma ação correta para a proteção da saúde pública pode acabar sofrendo até mesmo ataques. Casos como esses não são raros, e aconteceu recentemente no Paraná, em um ônibus de viagem de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para Curitiba.
PASSAGEIRA COBRA USO DE MÁSCARA EM HOMEM NO TRANSPORTE E SOFRE RACISMO
Ao G1, a passageira relatou que um homem adentrou o veículo sem o uso de máscara e, após o motorista do ônibus informar que a medida era obrigatória, ele até chegou a utilizar o recurso, mas com resistência. Durante a viagem, o homem retirou a máscara diversas vezes e ela pediu que ele colocasse corretamente o material de proteção. No relato, a mulher conta que foi chamada de ignorante, em que o homem chegou a dizer: “‘esse vírus aí, está aí tão letal e você acha que uma mascarazinha vai conter?'”.
Em meio ao assassinato do congolês Moïse Kabagambe, no Rio de Janeiro, que expôs, mais uma vez, o racismo profundo no Brasil, a passageira foi mais uma vítima desse triste cenário. Durante a viagem, a mulher recebeu um bilhete cheio de ofensas do homem que resistia ao uso correto da máscara.
“Cuidado, a Covid pega é em pessoa ignorante e energúmena como você! Você faz parte da massa de manobra ridícula! Volta pra senzala”, dizia o bilhete.
A vítima fez a denúncia e o caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Paraná. Ao G1, a vítima disse que dói ser ofendida desta maneira, e destacou a importância de denunciar o racismo e também o uso inadequado de máscaras. “Eu acho que a gente não pode se calar, em nenhum momento”.