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Gordofobia x danos morais: empresas podem pagar caro por preconceito em seleção

Published 21/04/2022
Gordofobia x danos morais: empresas podem pagar caro por preconceito em seleção

Gordofobia x danos morais: empresas podem pagar caro por preconceito em seleção - FREEPIK

Gordofobia é o preconceito em relação às pessoas com obesidade. Nesses casos, elas são excluídas, inferiorizadas, humilhadas ou sofrem com atitudes que reforçam estereótipos. Comentários pejorativos são justificados afirmando que são pessoas que “estão doentes” e “não devem ser tidas como modelo”.

O preconceito acontece de diversas formas no dia a dia, como dificuldades para comprar roupas, no transporte público ou em ambientes públicos e privados que não têm estrutura adequada para acomodá-las, além dos julgamentos, piadas ofensivas e até xingamentos. Profissionais de saúde também os julgam e não propõem tratamentos adequados.

Nas empresas, o cenário não é diferente. Os recrutadores apresentam justificativas sem sentido como em casos de vagas para professor de educação física ou para clínica de estética. Hoje ainda existem concursos públicos que exigem o padrão IMC (Índice de Massa Corpórea) nos anúncios.

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GORDOFOBIA PODE SER CAUSA DE DANOS MORAIS PARA EMPRESAS

Na Justiça do Trabalho, são 419 processos com a expressão “gordofobia”, desde 2014 até hoje. Nos últimos dois anos, com a pandemia, o assunto ganhou mais relevância, segundo dados fornecidos pelo Data Lawyer, plataforma de jurimetria. Em 2021, foram ajuizados 167 processos. Em 2020, 161.

Existem decisões de segunda instância e também do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que condenam empregadores a pagarem indenização por danos morais devido a ofensas a trabalhadores. Os valores variam de R$ 5 mil a R$ 30 mil, dependendo da gravidade do caso.

“Atitudes gordofóbicas não fazem as pessoas buscarem tratamento para a obesidade. Pelo contrário, afastam as pessoas dos serviços de saúde, por medo de serem julgadas até pelos próprios profissionais de saúde”, afirma a psicóloga Andrea Levy, presidente da ONG Obesidade Brasil, a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade.

Andrea explica ainda que a gordofobia também pode fazer com que muitos tenham vergonha de procurar um esporte ou uma academia por medo de serem ridicularizados e de ouvirem piadinhas. Isso pode fazer com que se eles se afastem do convívio social e até mesmo de atividades prazerosas, como ir à praia ou à piscina.

“Pessoas com obesidade são significativamente mais propensas a passar por isolamento social e o preconceito sofrido pode funcionar como gatilho para o desenvolvimento ou agravamento de transtornos mentais, principalmente ansiedade e depressão”, completa a psicóloga.

Estudos ainda mostram que as mulheres, principalmente, deixam de fazer exames ginecológicos por despreparo de profissionais e dos espaços para a realização desses exames. Com esse adiamento, as doenças acabam sendo descobertas tardiamente e, muitas vezes, podem até mesmo não ter mais cura.

Andrea cita algumas formas simples desse preconceito ser combatido. “É necessário informar, educar, formar profissionais de saúde mais preparados para tratar pessoas com obesidade; não reforçar ideias que, na verdade, são carregadas de preconceitos; propor tratamentos e metas realistas para cada caso; melhorar os acessos e a infraestrutura de locais públicos e privados; e não ‘romantizar’ a obesidade”, conclui ela.

Sobre a ONG Obesidade Brasil

O Instituto Obesidade Brasil é a primeira organização sem fins lucrativos do mundo direcionada a pessoas com obesidade e surge com o objetivo de conscientizar e trazer informações claras e objetivas, sempre com mentoria científica, com linguagem acessível sobre obesidade, prevenção, diagnóstico, tratamento, novas tecnologias e direcionamento aos centros públicos e gratuitos de atendimento, ajudando da melhor forma possível.

A ONG foi fundada em fevereiro de 2020 para conscientizar pessoas de que a obesidade é uma doença multifatorial e crônica e conta com um Conselho Científico composto por especialistas colaboradores de todo o território brasileiro, de perfil multidisciplinar, que adota o conceito de saúde universal e trabalha para que todos tenham acesso à ajuda médica especializada.

Psicóloga Andrea Levy

Presidente e cofundadora da ONG Obesidade Brasil; Psicóloga Clínica e bariátrica, especialista em Obesidade e Transtornos Alimentares pelo HC-FMUSP; Mais de 20 anos de atuação em clínica de Obesidade e Cirurgia Bariátrica; Autora do livro “Cirurgia Bariátrica: manual de instruções para pacientes e familiares”.

Nutróloga Andrea Pereira

MD, PhD; Médica Nutróloga do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein; Cofundadora e coordenadora da ONG Obesidade Brasil; Doutorado pela Endocrinologia da UNIFESP em Obesidade e Cirurgia Bariátrica; Pós-doutorado pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa; Pós-doutorado em andamento pela Medicina Esportiva da FMUSP sobre obesidade, câncer de mama e exercício; Autora do livro “Dieta do Equilíbrio: a melhor dieta anticâncer”.

Cirurgião Bariátrico Carlos Schiavon

Médico Especialista em Cirurgia Bariátrica e Metabólica; Formado em 1987 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Doutor Cirurgião pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – São Paulo, SP; Especialista em Cirurgia Bariátrica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica; Coordenador de Ensino e Pesquisa do Núcleo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica do Hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Investigador principal do Trial GATEWAY – Gastric Bypass to Treat Obese Patients With Steady Hypertension.

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