O excesso de peso não é algo preocupante e prejudicial apenas para adultos. O grupo infantil também merece uma grande atenção quando se trata desse assunto, quadro que causa preocupação no Brasil. Só em crianças de até cinco anos de idade, a taxa de excesso de peso é de 10%, conforme levantamento do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), divulgado nesta segunda-feira, 07. Em 2006, esse índice era de 6,6%.
Ainda, enquanto o sobrepeso atinge 7% das crianças nessa faixa etária, 3% estão no estágio de obesidade. Mas, quando um quadro é considerado excesso de peso? Em entrevista ao Conexão UFRJ, o coordenador do Enani-2019, Gilberto Kac, explica que o excesso de peso é caraterizado pela combinação de sobrepeso e obesidade.
Encomendada pelo Ministério da Saúde, a pesquisa avaliou mais de 14 mil crianças, e mostrou que 18,6% do grupo de até cinco anos – um quinto – já estão em risco de sobrepeso. “São crianças que precisam ser monitoradas de perto, porque a curva do ganho de peso para a idade já está superior ao recomendado pelo Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse estágio, ainda é possível intervir e melhorar o estado de saúde, evitando consequências de curto, médio e longo prazo“, disse o coordenador à Conexão UFRJ.
A pesquisa também fez uma análise com as mães biológicas dessas crianças: mais 12 mil participaram do estudo. Enquanto 58,5% das mães estão acima do peso, cerca de 32% apresentam sobrepeso e aproximadamente 26% são diagnosticadas com obesidade.
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EFEITOS DO EXCESSO DE PESO EM CRIANÇAS
O estudo mostra que quadros de excesso de peso afetam o desenvolvimento da criança, além do risco do surgimento de problemas de saúde como:
- Doenças cardiovasculares;
- Diabetes;
- Hipertensão;
- Câncer.
“A baixa altura para a idade mostra que essas crianças sofreram restrições que prejudicaram o seu crescimento e o seu desenvolvimento. Esse quadro pode ser decorrente de infecções recorrentes e está relacionado ao baixo consumo de nutrientes, possivelmente associado à insegurança alimentar“, explicou Gilberto Kac.
Além disso, o coordenador da pesquisa complementa que esse quadro vem se agravando nos últimos anos, com “a prevalência do indicador diminui conforme a faixa etária das crianças aumenta”.