Os números da incidência de diabetes são de assustar. Segundo dados do Atlas do Diabetes, divulgado pela Federação Internacional do Diabetes, nos últimos 10 anos houve um aumento de 26,61% no número de brasileiros que sofrem com ela. Atualmente, 9,14% da população adulta vive com a enfermidade, o que corresponde a 15 milhões de pessoas. A previsão é que 2025 esse número salte para 438 milhões.
Fatores como a maior ingestão de calorias, o aumento no consumo de alimentos processados e o sedentarismo estão por trás do grande aumento desse mal que provoca sintomas no corpo todo, entre eles sede constante, cansaço excessivo, vontade frequente de urinar, feridas que demoram demais para cicatrizar, visão turva, dormência ou formigamento nas mãos e nos pés e infecções constantes na gengiva e na pele.
O diabetes, que tem seu Dia Nacional celebrado no dia 26 de junho para promover a conscientização a seu respeito, no tipo 2 é caracterizada pela resistência do organismo à ação da insulina, hormônio que possibilita a entrada da glicose proveniente dos alimentos nas células e, por isso, a glicose fica em concentração muito alta na circulação sanguínea. Ao contrário do que acontece com o tipo 1, a pessoa não nasce com ele, o desenvolve por causa dos hábitos inadequados.
É PRECISO TRATAR DIABETES 2 CORRETAMENTE!
Se não for devidamente tratado, pode levar a complicações como doenças cardiovasculares graves, AVC e infarto, por exemplo, necessidade de amputação de membros, especialmente os inferiores, disfunção erétil, lesões em nervos, vasos e órgãos do corpo e desenvolvimento de males de visão que podem levar à cegueira.
Uma das grandes armas contra esse problema é a cirurgia bariátrica, que pode ser feita também pelo SUS, e seus benefícios não se resumem apenas à perda de peso, como se pensava no passado. “Até o final da década de 90 acreditávamos que o seu efeito estava ligado apenas emagrecimento, mas, essa concepção mudou quando comparamos pessoas com dietas muito restritivas e pacientes operados e percebemos que no primeiro caso após o 3º ou 4º mês havia uma descompensação do diabetes, o que não acontecia com quem tinha se submetido à operação”, conta o cirurgião geral Leonardo Emílio, professor de cirurgia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás e Vice-presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
BARIÁTRICA NÃO CURA A DOENÇA!
É importante que fique claro que a cirurgia bariátrica não cura o diabetes, mas ajuda bastante no seu controle. Isso acontece porque o estômago da pessoa é reduzido, o que leva a uma diminuição da grelina, hormônio que controla a fome e a saciedade.
“Além disso, o órgão alterado pelo procedimento não consegue digerir adequadamente o alimento, que chega praticamente intacto e mais rápido ao intestino, o que promove a liberação de vários hormônios, entre eles o GLP1, que estimulam o trabalho do pâncreas, órgão que produz a insulina”, explica Emílio. Assim, mais glicose vai para dentro das células e a taxa presente na circulação diminui. Além disso, quando a pessoa perde peso, há uma diminuição em substâncias inflamatórias que atrapalham a ação da insulina, complementando os ganhos proporcionados pela operação.
Sobre o especialista
Mestre e Doutor em Cirurgia Geral, Professor adjunto do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, Vice-presidente setorial do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Coordenador da Comissão de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Conselho Federal de Medicina e de Telemedicina do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás. O Dr. Leonardo é Presidente da Comissão de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Membro da Comissão de Ensino e Trauma do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Comissão de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Comissão de Relação Inter societária da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Chefe de Equipe Cirúrgica do Hospital Israelita Albert Einstein – Unidade Goiânia e Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.