Ortopedista explica que a hérnia de disco é considerada uma patologia grave, já que o disco entre as vértebras funciona como um amortecedor
A cada dez pessoas no mundo, oito sofrem com os desconfortos da chamada hérnia de disco, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). O cantor Wesley Safadão é um exemplo desses pacientes, em que seu quadro foi tão grave que precisou ser internado e se afastar dos palcos. Aliás, conforme o ortopedista especialista em cirurgia de coluna, Dr. André Evaristo Marcondes, há sim uma gravidade quando se trata dessa condição.
No comunicado sobre o quadro de saúde de Wesley Safadão, uma dormência nas pernas foi destacada como um dos sintomas sofridos pelo cantor. Mas, antes de entender sua relação com a hérnia de disco, é importante compreender o que é essa patologia que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atinge cerca de 5,4 milhões de brasileiros.
Se você costuma praticar corridas, atividades esportivas e pulos, por exemplo, a coluna absorve os impactos dessas ações por conta de um disco intervertebral entre as vértebras que funciona como se fosse um amortecedor, como explica o ortopedista. “Quando essa estrutura tão complexa, formada por uma membrana externa fibrosa, conhecida como o ânulo fibroso e um conteúdo gelatinoso interno (conhecido como o núcleo pulposo) rompe, ocorre o extravasamento do núcleo para a região posterior do disco”.
Quando isso acontece, há o “contato e compressão das estruturas neurológicas que passam dentro do canal medular, ou seja, ocorre a explosão de uma estrutura anatômica com consequente compressão de estruturas nervosas, como medula e raízes neurais”.
Em meio a esse processo da hérnia de disco, uma compressão medular, juntamente com o tamanho da hérnia, pode provocar dores de diferentes intensidades. Com isso, o Dr. André Evaristo explica que quando ocorrem sintomas graves, as dormências (chamada de parestesia) podem surgir. A perda de movimentos também pode vir em seguida. “A compreensão de estruturas neurológicas pode causar lesão dos neurônios com consequente alteração de sensibilidade, associado a dor e posteriormente com perda de movimento, podendo ser essa lesão irreversível se não for realizado o tratamento adequado a tempo“, alerta o ortopedista.
Ainda, “existe uma diferença de PH, ou seja, de acidez, entre o núcleo culposo e as estruturas neurológicas, com consequente ‘queimadura/irritação’ química, o que pode trazer ainda mais gravidade ao quadro em questão”.
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O cantor Wesley Safadão já relatou sofrimento com dores intensas por conta da hérnia. Mas, nem todos os quadros de hérnia de disco são caracterizados por dores fortes. O grau do incômodo depende de diversos fatores: “A intensidade dolorosa pode variar a depender do local onde a hérnia ocorre, do tamanho da hérnia e do grau de compreensão da mesma, além do fato de estar ou não causando lesão neurológica no indivíduo”.
Se tem um quadro em que a dor moderada ou intensa está presente na maioria dos caso, é a hérnia de disco extrusa. Nesse caso, a hérnia “tende a ter potencial de gravidade, pois pode causar lesão neurológica irreversível com perda de sensibilidade e motricidade, a depender do local de acometimento da mesma”. Ainda, o Dr. André Evaristo ressalta que hérnias de disco localizadas em outras regiões, como coluna torácica e cervical podem provocar “outros sintomas de cunho neurológico, como alteração de reflexos, alterações geniturinárias e gastrintestinais, alteração de marcha, tremor de extremidade, perda de coordenação para movimentos motores finos, entre inúmeros outros sintomas que podem se confundir com outras patologias”.
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São diversos os tratamentos para hérnia de disco. Eles variam “desde tratamento conservador medicamentoso, associado a um programa de reabilitação com fisioterapia mais RPG, acupuntura, seguido de reabilitação física através de atividade física de baixo impacto e intensidade progressiva, até a necessidade de bloqueios (infiltração) foraminal e facetários, para alívio dos sintomas que permite a reabilitação física”. Em alguns casos, pode ter a necessidade de cirurgia, mas o ortopedista ressalta que grande parte dos pacientes não precisam passar por esse procedimento.
Sobre a fonte:
Dr. André Evaristo Marcondes – Ortopedista Especializado em Coluna – Mestre em Saúde Pública pela University of Limerick (Irlanda), possui especialização em Cirurgia de Coluna, em Ortopedia e Traumatologia, e graduação em Medicina pela Universidade de Marília. É membro da North American Spine Society (NASS), Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Fez residência médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital do Servidor Público Municipal (SP) e, atualmente, atende no Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, AACD e Neuro Ortho Spine Center (N.O.S.).
