O desvio de septo foi o motivo de uma cirurgia no surfista Gabriel Medina, que deu entrada no hospital na última quinta-feira, 31, para realizar o procedimento. Conforme Medina, em story no seu Instagram, o problema afetava a qualidade de sua saúde: “Sempre respirei mal, mas agora sei o que é respirar”. O atleta já recebeu alta e está se recuperando em casa da condição que, conforme o otorrinolaringologista Dr. Ricardo Dolci, é comum o paciente se referir a dificuldades de respiração em um lado do nariz. “Ele fecha uma narina e puxa o ar e não consegue respirar nada, já do outro lado a respiração é normal”, explica o médico.
Mas, afinal, são todos os casos de desvio de septo que precisam de cirurgia? O Dr. Ricardo Dolci responde que não, já que o procedimento cirúrgico serve apenas para casos com sintomas. Aliás, conforme o médico, grande parte da população apresenta algum sinal da condição. “O paciente que vai ao consultório, por exemplo, com uma queixa de ouvido, nós fazemos a avaliação completa (ouvido, nariz e garganta) e, se vemos que tem um desvio de septo pequeno, mas o paciente fala que respira bem, nesse caso não vai ser cirúrgico. Nós tratamos os sintomas do paciente e não um exame que mostra o desvio de septo“, elucida o otorrinolaringologista.
EXISTEM PACIENTES COM DESVIO DE SEPTO QUE NÃO PERCEBEM QUE RESPIRAM MAL
Existem também casos em que pacientes com desvio de septo não percebem que respiram mal, por esta ser uma função automática e inconsciente, como lembra Dolci. “Nesse caso, pedimos para o paciente começar duas ou três vezes por dia a fazer uma inspiração com mais atenção: tampar uma narina e puxar o ar, puxar do lado e perceber o quanto de ar está inspirando para ver se realmente não percebe se tem algum lado que é pior“.
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Algo também que pode ajudar a entender se a condição está afetando a respiração é com yoga e meditação, pois essa prática permite uma “respiração um pouco mais consciente e acaba tendo mais queixas quando realmente é um desvio importante”.
CASOS DE CIRURGIA POR SINTOMAS DE DESVIO DE SEPTO: COMO É O PROCEDIMENTO?
O paciente que passa pelo procedimento cirúrgico por conta de sintomas do desvio de septo não sente dores após a cirurgia. “Porém, devido à formação de crosta no nariz, edemas, às vezes junta coágulos e a respiração pode piorar na primeira semana”, explica o Dr. Ricardo Dolci. “Fazemos uma lavagem nasal de alto volume precocemente para ajudar a fazer uma higienização e limpeza desse nariz, para que ele (paciente) volte a respirar o quanto antes”.
Pegar peso, atividades e esforços físicos ficam de fora da rotina do paciente por um tempo. “Se for associado a uma turbinectomia, que é um outro procedimento que realizamos, na grande maioria das vezes o paciente deve ficar durante um mês sem atividade física devido ao risco de sangramento“, alerta o otorrinolaringologista.
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FATORES QUE PODEM ESTAR RELACIONADOS COM DESVIO DE SEPTO
A condição tratada por Gabriel Medina pode apresentar alguns sinais importantes para serem observados. No entanto, vale ressaltar que o diagnóstico de desvio de septo deve ser avaliado por um médico otorrino. O Dr. Ricardo Dolci cita alguns fatores que podem estar associados à condição, além da dificuldade de respiração, como:
- Fica com a boca aberta por muito tempo;
- Ronco durante a noite ou dormir de boca aberta;
- Cansaço diurno excessivo;
- Fadiga durante o dia por não dormir.
“O paciente que respira muito pela boca, devido ao desvio de septo, pode ter alterações crânio-maxilo-faciais, como os dentes começarem a crescer tortos, mordida cruzada, mordida aberta”, complementa o médico.