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‘The Good Doctor’ mostra dificuldade na inclusão das pessoas com autismo no mercado de trabalho

Cerca de 80% das pessoas com Transtorno do Espectro Autista estão fora do mercado, segundo a ONU

'The Good Doctor' mostra dificuldade na inclusão das pessoas com autismo no mercado de trabalho
‘The Good Doctor’ mostra dificuldade na inclusão das pessoas com autismo no mercado de trabalho – Divulgação/ TV ABC

O drama médico The Good Doctor chegou ao fim da quinta temporada no mês passado, nos Estados Unidos. Após cinco anos no ar, o que a série de grande audiência já ensinou e ainda pode ensinar sobre autismo no geral, autismo no mercado de trabalho, relações, empregabilidade e segurança?

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O enredo conta a história do Dr. Shaun Murph, um jovem com autismo formado em medicina, que se torna cirurgião. Muito talentoso, com uma memória espetacular e um entendimento excepcional do corpo humano, Shaun consegue, com a ajuda do amigo e mentor Dr. Aaron Glassman, um lugar na equipe de um hospital de renome na Califórnia, apesar da resistência inicial do conselho do hospital, que sabia do diagnóstico de Shaun.

A série mostra os desafios diários de convivência da equipe e a importância dos relacionamentos, pessoais ou profissionais, para o desenvolvimento da pessoa com autismo. Mesmo com um histórico de violência sofrida pelo pai, Shaun teve o suporte do irmão na adolescência, sempre lhe dizendo o quanto ele era inteligente e capaz.

Dia Internacional do Orgulho Autista estimula debate

“Pessoas com autismo e com diferenças de aprendizagem precisam ouvir isso de seus familiares. Saber que acreditam em seu potencial e se sentem orgulhosos gera mais confiança. Da mesma forma, o acompanhamento psicológico é de extrema importância. Terapeutas podem conectar o adulto com autismo a serviços adicionais, orientar estratégias de enfrentamento, ajudá-lo a conversar com outras pessoas sobre o seu caso, gerenciar desafios de relacionamento e de carreira e lidar com barreiras sociais ou econômicas que podem ter atrasado o seu diagnóstico”, explica Milene Rosenthal, psicóloga e co-fundadora da Telavita, clínica digital de saúde mental.

Milene reforça que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não torna a pessoa incapacitada para o trabalho. Ao contrário, ela pode agregar, em muitos casos, habilidades importantes e diferenciadas para as organizações. “A pessoa com TEA possui aptidões que podem, perfeitamente, ser aproveitadas pelas empresas. Enquanto muita gente não gosta de trabalhar com rotinas metódicas e repetitivas, por exemplo, quem tem autismo acaba tendo mais desenvoltura para esse tipo de trabalho. Também são pessoas com memória de longo prazo e memória visual diferenciada, destrezas muito procuradas por empresas de determinados setores”.

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Pessoas com autismo no mercado de trabalho: inclusão é lenta no Brasil e no Mundo

No próximo sábado, 18, é celebrado o Dia Internacional do Orgulho Autista, uma data importante para lembrar a luta diária de pessoas com TEA por mais inclusão. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 80% das pessoas com TEA no mundo estão fora do mercado de trabalho. No Brasil, a inclusão é garantida pela mesma lei que determina a participação mínima nas empresas de trabalhadores com qualquer tipo de deficiência e o panorama também está longe do ideal, assim como verificado em nível mundial.

Esse cenário e muitos outros são mostrados na série The Good Doctor, o que a torna imperdível para refletir sobre preconceitos e até mesmo contribuir com uma sociedade mais igualitária. Por meio do drama de Shaun, aprende-se a enxergar a ‘habilidade’ na ‘deficiência’ e, no que diz respeito à vida profissional, focar menos nos problemas e mais no potencial de cada um. O programa é imperdível também para qualquer pessoa com autismo ou outra diferença de aprendizagem que esteja em busca de emprego e para qualquer organização que queira promover mudanças positivas nesse cenário, além de ser um ótimo entretenimento para os fãs de produções de dramas médicos.

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