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Síndromes geriátricas: descubra as mais comuns e como tratá-las

Da insuficiência familiar e incapacidade cognitiva à imobilidade, muitas dessas condições podem estar associadas e requerem atenção de um especialista

Síndromes geriátricas: descubra as mais comuns e como tratá-las
Síndromes geriátricas: descubra as mais comuns e como tratá-las – FREEPIK

O processo natural do envelhecimento do organismo pode mudar muita coisa no nosso corpo. É claro que cada pessoa sofrerá com o envelhecimento de forma diferente, mas todos nós notaremos algum tipo de alteração no organismo, e alguns idosos ainda podem apresentar síndromes geriátricas. “Com o envelhecimento, perdemos muito da nossa reserva funcional, observamos mudanças na locomoção, no cérebro, no metabolismo, na imunidade e em muitos outros aspectos. Dessa forma, entendemos por síndromes geriátricas as doenças e condições de saúde que tem alta prevalência nos consultórios geriátricos e, de alguma forma, afetam a autonomia e a independência, interferindo na capacidade de um idoso realizar tarefas cotidianas – em muitos casos ele precisará de ajuda familiar ou de um cuidador. A imobilidade, a instabilidade postural, incontinência urinária, incapacidade cognitiva, incapacidade comunicativa e insuficiência familiar são as mais comuns”, explica Dr. Juliano Burckhardt, médico geriatra, cardiologista e nutrólogo, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

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Síndromes geriátricas: as mais comuns e como tratá-las

Incapacidade comunicativa: É comum que, com o passar da idade, as pessoas sofram com condições que afetem a comunicação, na medida em que pode acontecer uma perda de audição, dificuldade na fala e na compreensão. “Isso pode ser perigoso, uma vez que essa dificuldade pode interferir na capacidade de comunicação de tal forma que o idoso tende a se isolar, por não conseguir interagir. Isso pode aumentar riscos emocionais e à saúde mental”, explica o Dr. Juliano. O melhor a fazer é buscar tratar essas alterações (um aparelho auditivo pode ajudar) e buscar meios de interação social, o que também mantém o cérebro ativo, segundo o médico.

Insuficiência familiar: Uma das principais reclamações das pessoas mais idosas é a falta de atenção da família, o que pode ter várias consequências, desde sinais de descuido com a saúde até quadros de ansiedade, estresse e depressão. “A falta de apoio, acolhimento e atenção familiar pode ser causa e consequência de diversos problemas, deixando os mais idosos suscetíveis a condições de saúde que poderiam ser evitadas. A perda do companheiro, somada à síndrome do ninho vazio (quando os filhos saem de casa), pode trazer melancolia, por isso o papel familiar é fundamental, inclusive para ajudar a manter a capacidade comunicativa do idoso”, explica o Dr. Juliano.

Incapacidade cognitiva: A perda de funções cerebrais como memória, função executiva, linguagem, capacidade de raciocínio, gnosia (reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e praxia (capacidade de executar um ato motor) podem levar a qualquer outra Síndrome Geriátrica. “O cérebro e o sistema nervoso também são afetados pelo envelhecimento, pois há uma diminuição no número de células cerebrais, na comunicação entre os neurônios e na capacidade do organismo de criar novas conexões neuronais, o que faz com que o raciocínio fique mais lento, processar informações seja mais difícil e lapsos de memória sejam mais frequentes. Devido às alterações no sistema nervoso, também podemos notar mudanças no equilíbrio, na percepção, na postura e na sensibilidade”, explica o Dr. Juliano Burckhardt. O cérebro, segundo o geriatra, precisa ser estimulado, seja aprendendo uma nova língua, conhecendo novos lugares, lendo livros e mantendo bons relacionamentos sociais. “Isso pode ajudar a evitar casos de demência, doenças mentais, delirium (confusão mental) e depressão”, explica o geriatra.

Instabilidade postural: Os ossos e músculos também sofrem alterações devido ao processo de envelhecimento. “Com a idade, há uma diminuição do tamanho e densidade dos ossos, o que faz com que se tornem mais fracos, porosos e, consequentemente, mais suscetíveis a fraturas. É por esse motivo também que algumas pessoas perdem alguns centímetros de altura ao envelhecerem”, diz o Dr. Juliano Burckhardt. Com isso, aumenta a chance de quedas – que são a sexta causa de morte em idosos. Não é só o sistema musculoesquelético que deve ser considerado: a acuidade visual, a capacidade respiratória e cardiovascular e comorbidades (miopia, astigmatismo, labirintite, vertinges etc.) devem ser avaliadas. Para evitar problemas, é importante colocar barras de segurança nas paredes dos banheiros para funcionar como apoio e colocar tapetes emborrachados no chão para melhorar a aderência e evitar escorregões.

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Imobilidade: “Os músculos, por sua vez, perdem força, resistência, massa e flexibilidade. Todos esses fatores contribuem para a redução da mobilidade, equilíbrio, força e estabilidade”, diz o geriatra. A incapacidade de deslocamento pode exigir que o idoso seja dependente de um familiar ou cuidador. A imobilidade é multifatorial, deve ser avaliada assim que apresentar os primeiros sinais, a fim de tratar, seja pela recomendação de medicamentos, suplementos ou atividade física e fisioterapia.

Incontinência urinária: Controlar a bexiga pode tornar-se um desafio conforme os anos passam. “Isso porque o processo de envelhecimento causa uma redução da elasticidade e, consequentemente, da reserva funcional dos rins. Além disso, os músculos da bexiga e do assoalho pélvico perdem força. Esses fatores podem fazer com que seja mais difícil eliminar toda a urina e controlar a bexiga, resultando assim em incontinência urinária”, afirma o Dr. Juliano Burckhardt.

Por fim, o Dr. Juliano destaca que o melhor a fazer é buscar auxílio de um médico geriatra, que avaliará o paciente e poderá encaminhá-lo para o tratamento adequado. “O diagnóstico das síndromes geriátricas frequentes é feito com diversos testes e exames, mas também pode ser clínico, dependendo da alteração do paciente”, finaliza o Dr. Juliano.

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FONTE:

*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Cardiologista, Geriatra e Nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Especialista também em Clínica Médica, Medicina de Urgência e Ergometria. É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal. Atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. É diretor médico do V’naia Institute. Diretor Científico Brasil da European Academy of Personalized Medicine. Membro do Corpo Clínico do Hospital Sírio Libanês.

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