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Perda súbita de consciência! Neurocirurgiã explica quais são as possíveis causas por trás de quadros de síncope

A perda súbita de consciência pode ter desde origens neurológicas até cardiológicas

Perda súbita de consciência e possíveis causas – Freepik/senivpetro

A perda súbita de consciência, ou síncope, pode ter algumas origens e uma das possíveis é a neurológica. Por exemplo, o problema pode ter começado na cabeça, a pessoa pode cair e bater a região ao ser lançada ao solo sem reação. Ou pode ter uma origem do ponto de vista cardiológico: um problema no coração onde houve uma disruptura, uma falta de irrigação do sangue para a cabeça. Alguns problemas clínicos também podem levar à síncope, como, por exemplo, hipoglicemia (queda de açúcar no sangue) e alterações vaso vagais (quando está muito quente ou ficamos em pé por muito tempo, às vezes o sangue fica retido nas veias, o que faz com que ele não tenha um débito adequado do retorno venoso). Por isso, a neurocirurgiã Dra. Tatiana Vilasboas fala mais sobre o assunto que foi tema nos últimos dias, após a cantora Giulia Be sofrer um acidente por conta de um desmaio e ter relatado sofrer com síndrome vasovagal:

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CAUSAS E INVESTIGAÇÕES

A causa, a origem da síncope, é super importante de ser investigada. Deve-se saber por qual motivo a pessoa caiu, sabendo que também precisamos afastar o uso de drogas ilícitas, álcool e outras causas que também podem levar à queda.
Quanto ao trauma cranioencefálico, é quando você bate a cabeça em algum lugar. O nosso cérebro é protegido por uma caixa óssea, o crânio, e quando batemos essa caixa óssea em alguma superfície, o nosso cérebro tem o movimento de desaceleração dentro dela. Então, muitas vezes quando você bate, por exemplo, a região frontal, pode ter uma contusão occipital. Esse trauma pode ter algumas consequências, como hemorragia subaracnóidea traumática, contusão cerebral ou também pode ser apenas um trauma leve que gera um hematoma subgaleal, o chamado galo (quando se tem um hematoma e um pouco de sangue embaixo da pele, mas por fora do crânio).

Existem duas coisas a serem investigadas sempre que uma pessoa desmaia e bate a cabeça. A primeira é se a origem do desmaio é da cabeça, encefálico ou craniano, ou se a origem do desmaio é sistêmica. Já a segunda parte seria investigar a causa em si e se a batida gerou consequências para aquela pessoa. Às vezes, também no caso de síncope e trauma cranioencefálico, pode haver uma lesão da coluna cervical, visto que ela se movimenta nessa desaceleração brusca.

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RECUPERAÇÃO DA SÍNCOPE

A recuperação da síncope, em sua grande maioria, acontece de maneira espontânea, alguns segundos após a perda da consciência. Em alguns casos mais graves a pessoa pode permanecer em coma, principalmente se houve algum dano cerebral quando ela caiu, bateu a cabeça ou mesmo quando a origem da síncope é uma causa mais grave como, por exemplo, ruptura de um aneurisma cerebral. Embolia pulmonar, arritmia cardíaca desidratação grave também podem ser causas de síncope. Todas essas causas sistêmicas precisam ser investigadas.

TRATAMENTOS

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O tratamento vai diferenciar de acordo com a causa ou origem, a etiopatogenia da síncope (o que levou o indivíduo a ter aquela perda de consciência), por exemplo, um jejum prolongado ou uma hipoglicemia. A pessoa vai precisar reajustar a dieta, fazer uma avaliação da produção de insulina e curva glicêmica. Se a pessoa tiver algo como uma arritmia cardíaca, às vezes vai precisar de um tratamento específico para essa condição. Se for algum problema neurológico, ela fará uma avaliação para descobrir se foi uma crise convulsiva não tônica crônica, uma crise convulsiva com perda de consciência ou uma crise convulsiva atônica. A pessoa terá de investigar a crise convulsiva para fazer o tratamento dela, ou em casos de aneurisma roto, clipar o aneurisma. Em casos de um sangramento como de má formação da artéria venosa que tenha sangrado, também será necessário fazer o tratamento da patologia de origem. A causa mais comum são as síndromes cardíacas, as de origem neurológicas são menos frequentes do que as de origem cardiológicas.

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Geralmente, a síncope é um sinal de que algo não vai bem, algum sintoma de um quadro médico mais grave, muitas vezes cardiológico, neurológico ou até mesmo sistêmico. O paciente pode estar em alguma atividade; cozinhando, subindo uma escada ou digerindo, ter uma síncope e se machucar. Entender a origem do problema é de extrema importância para prevenir eventos futuros e para tratá-lo.
 

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