Publicidade

Menina de 8 anos entra para sociedade de alto QI, mas caso comprova que o Brasil não tem preparo para crianças superdotadas

Família enfrenta diversas dificuldades para conseguir apoio para desenvolver as habilidades da filha e comprova que o Brasil não fornece o amparo necessário para crianças superdotadas

Menina de 8 anos entra para sociedade de alto QI com alta pontuação, mas país não tem preparo para crianças superdotadas
Menina de 8 anos entra para sociedade de alto QI com alta pontuação, mas país não tem preparo para crianças superdotadas – MFPress/ Nicolle (Arquivo pessoal)

Apenas uma pequena parcela da população mundial possui algum tipo de superdotação ou altas habilidades, o que exige cuidados de pais e educadores, especialmente em se tratando de crianças superdotadas, para direcionar e desenvolver essas habilidades. No entanto, nem sempre famílias que têm filhos superdotados conseguem o apoio necessário para suas crianças.

Publicidade

Como é o caso da estudante Nicolle de Paula Peixoto, de 8 anos, filha de Jéssica Peixoto e Renato Peixoto, que, após ser selecionada para a prestigiada escola Pedro II, sofreu com uma série de problemas que dificultaram o desenvolvimento das suas altas habilidades.

“Quando a Nicolle ingressou na escola Pedro II ela estava com sete anos, cursando a 2º série do Ensino Fundamental, mas pelas regras do edital ela precisou voltar para o 1º ano, foi muito difícil, ela não queria mais ir à escola e voltava de lá chorando pois ela já sabia todos os conteúdos, eu ficava angustiada e também chorava por ver minha filha passando por aquela situação”, conta Jéssica.

O edital que possibilitou o ingresso de Nicolle na escola baseava-se na resolução MEC nº 2/2018 que assegura o direito à continuidade do percurso educacional da criança. Pautando-se nessa resolução, a mãe de Nicolle entrou em contato com a pró-reitoria da instituição para abrir um processo interno solicitando a mudança da série de sua filha, no entanto, seu processo foi indeferido pela escola.

“Não desisti, fui informada da necessidade de conseguir um laudo que atestasse o Q.I. elevado da Nicolle para conseguir que ela retornasse à série que ela já estava. Apesar de a escola contar com estrutura para realizar o teste, eu precisei pagar tudo do meu bolso”.

Publicidade

Persistência: pais de Nicolle, de 8 anos, mobilizaram-se pelo estudo da garota

O teste apresentou resultado positivo para altas habilidades e superdotação. Segundo a avaliação, “Nicolle apresentou desempenho intelectualmente superior no teste Matrizes Progressivas Coloridas de Raven com sua inteligência global atingindo o Percentil 99,8”, apenas depois de todo esse processo Jéssica conseguiu que sua filha retornasse à série correta.

Mesmo após diversas dificuldades, a família de Nicolle não desistiu de estimular sua filha a desenvolver todo seu potencial e entrou em contato com o neurocientista especialista na área, já conhecido aqui na Viva Saúde, o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, que os orientou sobre os passos a serem seguidos para conseguir o laudo de superdotação de Nicolle, o que permitiu seu ingresso na Mensa – Organização internacional de alto QI.

“Eu já conheço a Nicolle há muito tempo, o que fiz foi dizer quais testes são aceitos na Mensa, o que comprovou o que já sabíamos. Independentemente de estar ou não numa sociedade de alto QI, o teste é não somente uma confirmação, como um documento para aproveitar melhor o dom dela”, afirma Dr. Fabiano.

Publicidade

Crianças superdotadas e o despreparo das instituições para acolhê-las

Apesar das conquistas, a família ainda teme os desafios que ainda virão devido ao despreparo e desinteresse das instituições de ensino em apoiar crianças superdotadas, o que pode fazer com que muitos dons sejam perdidos.

“Minha maior frustração é ver que esse tipo de criança passar tantas dificuldades para conseguir o mínimo. Eu apresentei o laudo dela no curso de Kumon que ela faz para me informar sobre algum projeto, desconto ou bolsa para crianças com altas habilidades, mas não existia nenhum projeto”, conta a mãe. “Eu vejo com isso o despreparo dos profissionais que estão nas escolas para receber esse tipo de público, todas as portas são fechadas, não se consegue nada!”, desabafa, ainda.

Nem mesmo um curso de prestígio como o Kumon soube lidar com o caso de Nicolle, por não ter métodos voltados para crianças com altas habilidades, em especial tratando-se de uma menina com uma das maiores pontuações de QI já registradas no país, baseando-se em medidas estipuladas a nível nacional, diferentes das medidas em outros países.

Publicidade

Nicolle possui uma pontuação de 153 na Compreensão Verbal, 151 na Memória Operacional e 144 no total, lhe dando a oportunidade de ingressar na Mensa – Uma das sociedades de alto QI mais restritas – e ainda podendo entrar em outras sociedades ainda mais restritas.