Se tem algo que acompanha muito dos alimentos que param em nossas mesas, são substâncias tóxicas para o organismo humano. Em diversos plantios são utilizados pesticidas dos mais variados tipos, já que essa substância é utilizada para destruir ou prevenir “pragas”, conforme o National Pesticide Information Center.
Mas, já pensou se uma luva pudesse identificar quantidades dessas substâncias em alimentos? Foi exatamente isso que cientistas da Universidade de São Paulo (USP) criaram, em que basta inserir a ponta do dedo com o material em bebidas, frutas, legumes e verduras. No estudo, foi destacado que projeções multidimensionais foram demonstradas com um simples toque.
Isso acontece porque a luva possui sensores – três eletrodos – que detectam quatro tipos de pesticidas: carbendazim, diuron, fenitrotiona, paraquate. Esses sensores são instalados nos dedos indicador, médio e anelar, e para detectar as substâncias é preciso inserir um dedo por vez.
LUVA QUE IDENTIFICA PESTICIDAS MANDA DADOS PARA SOFTWARE NO CELULAR
“O sensor no dedo anelar usa uma técnica mais rápida. Ele é composto por um eletrodo de carbono funcionalizado, enquanto os dos outros dois dedos por eletrodos modificados com nanoesferas de carbono (dedo indicador) e carbono printex, um tipo específico de nanopartícula de carbono (dedo médio). Após a detecção, os dados são analisados por um software instalado no celular”, explica o químico que liderou o estudo, Paulo Augusto Raymundo-Pereira à Agência FAPESP.
Além de causar danos à saúde humana, pesticidas são prejudiciais ao meio ambiente. Uma pesquisa publicada na Nature Geoscience mostrou que os locais com grande biodiversidade fazem parte de 34% de áreas de alto risco, em que a qualidade de fontes de água podem ser deterioradas e os ecossistemas podem entrar em desequilíbrio.
Conforme o pesquisador Raymundo-Pereira, a patente da luva está sendo negociada com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). “Os sensores custam menos de US$ 0,1. O custo principal é a luva. Usamos uma luva nitrílica porque é menos porosa que a de látex. Com a pandemia, o preço dela disparou. E o custo individual subiu. Mas, ainda assim, o dispositivo que criamos é um produto muito barato. Mais acessível que os testes feitos atualmente”.