Publicidade

Fiocruz destaca três desafios para o combate da pandemia em 2022. “Estamos terminando o ano de 2021 com mais de 600 mil óbitos”

Diante dos desafios para o próximo ano, a Fiocruz alerta a importância da continuação do uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento

Fiocruz fala dos desafios para 2022, em relação à pandemia – Freepik/pvproductions

Já em sua reta final, 2021 foi um ano diferente para a população do mundo inteiro. Se fizermos uma rápida retrospectiva sobre esses quase dois anos de pandemia, lembraremos que 2020 foi um ano com muito mais incertezas, com a ansiedade para que a vacina chegasse logo aos braços de todos. Mas neste ano, entre tensões políticas e a luta da comunidade científica, a carteira de vacinação contra Covid-19 foi algo que tomou conta das redes sociais.

Publicidade

Não é à toa que “vacina” foi eleita a palavra do ano pelos brasileiros, conforme pesquisa com 1.200 entrevistados, feita pela Consultoria Cause e o Instituto de Pesquisa Ideia. O termo foi destacado por 22% dos participantes. E adivinha a segunda palavra mais citada no levantamento? Se você pensou em “esperança”, estava certo: 15% dos entrevistados falaram da expressão. 

Mas, a pandemia ainda não acabou, tanto que uma nova variante surgiu, a Ômicron, e muitos países da Europa enfrentam mais uma onda severa da doença – um sinal de alerta para o mundo inteiro. Além disso, há a grande desigualdade na distribuição de vacinas e recursos contra Covid-19: em novembro, o continente africano apresentava apenas 6,6% de toda a sua população com o esquema vacinal completo, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da África.  

FIOCRUZ: PONTOS DESAFIADORES PARA 2022

INCERTEZAS

Diante desse cenário, nas vésperas de 2022, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destacou três pontos que serão desafiadores para o próximo ano, no Brasil, em relação à pandemia. No levantamento da Consultoria Cause e o Instituto de Pesquisa Ideia, o terceiro termo mais citado foi “incerteza”, e essa é justamente uma das primeiras questões destacadas pela Fiocruz, no Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, publicado nesta quinta-feira, 23. 

Publicidade

O surgimento de novas variantes de preocupação pode conduzir a cenários inesperados e indesejáveis. É uma preocupação neste momento, por exemplo, que a propagação da variante Ômicron, combinada com a maior circulação de pessoas nas férias e festas de fim de ano, venha a potencializar o crescimento de casos, internações e óbitos, que podem terminar culminando em crises e colapso do sistema de saúde, diz a Fiocruz. 

A nova cepa surgiu em meio a transição para uma outra fase da pandemia, “em que teremos de desenvolver estratégias de convivência e controle do Sars-Cov-2 e da Covid-19”. Nesse contexto de incerteza, a fundação alerta que a precaução é o que irá guiar a tomada de decisões para a proteção da saúde de todos

+++ Fiocruz aponta estratégias para ampliar a cobertura vacinal no Brasil

Publicidade

FRAGILIDADE DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE 

Recentemente, o site do Ministério da Saúde, o e-SUS Notifica e aplicativos importantes como o ConecteSUS tiveram os dados relacionados a pandemia apagados por um ataque hacker. E o segundo desafio para 2022 é justamente a fragilidade dos sistemas que prestam informações de saúde para a sociedade como um todo

Atrasos ou interrupções na divulgação de dados impedem a produção de informações que são vitais para tomadas de decisões baseadas em evidências, resultando em condições semelhantes a situações como dirigir no escuro e sem faróis, ou pilotar um avião sem instrumentos de navegação”, explica a fundação. Nesse caso, a incerteza e a precaução são ainda mais intensificadas

Publicidade

POLITIZAÇÃO DAS MEDIDAS DE COMBATE À PANDEMIA

Desde o início da pandemia, temos enfrentado um difícil cenário político que ataca medidas sanitárias para o combate do novo coronavírus e desvaloriza os trabalhos científicos. E essa politização das ações para enfrentar a doença continua sendo um desafio no próximo ano. Como lembrado pela Fiocruz no boletim, recentemente houve o ataque a membros da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após a aprovação da vacina Comirnaty, da Pfizer, para crianças de 05 a 11 anos. 

+++ Comunidade científica se posiciona em relação à vacinação em crianças, com imunizante da Pfizer

Publicidade

Este processo (politização das medidas de enfrentamento da pandemia) tem combinado a desvalorização de medidas preventivas fundamentais de proteção – como distanciamento físico e social, o uso de máscaras e a higienização das mãos – com a propagação organizada de fake news e a criação de um clima de descrédito e desconfiança em relação às vacinas, aponta a Fiocruz. 

Uso de máscaras, higienização das mãos e dar mais atenção ao distanciamento de 1,5m vão continuar fazendo parte da nossa rotina. “Precisamos continuar avançando com a vacinação, tanto no aumento da cobertura populacional, como na provisão das doses necessárias para a melhor proteção contra o vírus, e ampliar a exigência e controle do passaporte vacinal com vistas à redução da circulação do vírus”

O ano de 2021 está fechando com 66,91% dos brasileiros com o esquema vacinal de duas doses ou dose única, conforme dados do Consórcio de veículos de imprensa. Mas, um outro triste dado mostra como a doença causou – e continua causando – muito sofrimento: conforme cita a Fiocruz, o Brasil termina o ano com mais de 600 mil mortes e de 22 milhões de casos notificados por Covid-19.