No mês de conscientização do câncer do colo do útero, que tem como principal causa o HPV, é preciso combater a desinformação. Especialista comenta informações relevantes sobre o tema.
Françoise Forton morreu, aos 64 anos, neste domingo, 16, após lutar bravamente, mais uma vez, contra um câncer. A atriz ficou internada nos últimos quatro meses, mas não resistiu.
Essa não foi a primeira vez que Françoise enfrentou a doença. Na época em que gravava o folhetim Tieta, ela já havia sido diagnosticada com a doença, mas não revelou ao público. Segundo as informações do O Globo, somente após dez anos ela falou sobre o diagnóstico, porque tinha, como meta, alertar as mulheres sobre os riscos do tumor.
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CÂNCER DE COLO DE ÚTERO PODE SER EVITADO
Câncer do colo do útero é assunto sério, mas a boa notícia é que ele pode ser evitado quando alguns cuidados são colocados em prática, como a vacinação de meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 a 14 anos contra o HPV – doença que ocorre em quase 99% dos casos por causa do Papilomavírus Humano.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é estimado que durante o triênio 2020/2022 hajam 16.590 casos de câncer do colo do útero no Brasil ao ano. De acordo com a Dra. Larissa Gomes, oncologista da Oncoclínicas São Paulo, as lesões pré-malignas podem ser diagnosticadas precocemente, evitando o aumento dos casos de neoplasia em si.
“O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres no Brasil, em algumas regiões chega a ser o segundo. O exame Papanicolau, por exemplo, é uma maneira de identificar as lesões pré-malignas antecipadamente. O diagnóstico precoce é fundamental para que possamos agir o mais rápido possível para evitar o diagnóstico em estágios mais avançados.”, comenta.
Mas, mesmo com as mais diversas informações sobre a doença, é preciso ficar de olho quanto às fake news, que podem atrapalhar no entendimento do câncer do colo do útero e influenciar negativamente no diagnóstico precoce.
Abaixo, a Dra. Larissa Gomes lista quais são os principais mitos e verdades sobre o tema.
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MITOS E VERDADES SOBRE O CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
Qualquer mulher ativa sexualmente pode ter HPV
Verdade. Qualquer mulher que tiver relações sexuais pode ser exposta ao vírus. Apesar do HPV ser um vírus autolimitado – no qual a infecção é resolvida até os 30 anos – é estimado que 8 em cada 10 mulheres tenham contato com o vírus alguma vez em suas vidas, porém a grande maioria devido a sua imunidade consegue combater a infecção sem desenvolver uma doença ou lesão.
O câncer do colo do útero não é prevenível
Mito! O câncer do colo do útero é uma doença que pode ser prevenida através do rastreamento e diagnóstico precoce com a rotina ginecológica/Papanicolau ou através da vacinação contra o papilomavírus humano – HPV, protegendo assim contra os seus subtipos de alto risco (16 e 18).
Toda mulher com HPV terá câncer do colo do útero
Mito! Pelo HPV promover uma infecção autolimitada, menos de 10% das mulheres irão desenvolver de fato o câncer do colo do útero. Aquelas pacientes que apresentam algum grau de comprometimento de sua imunidade como, portadoras do HIV, transplantadas ou sob tratamento que afetam a sua defesa podem facilitar a reprodução do vírus. Por isso, mais uma vez, a vacinação contra o HPV se faz essencial.
O Papanicolau é uma maneira de identificar o câncer do colo do útero
Verdade. O exame, realizado dos 25 aos 64 anos de idade (anualmente e depois a cada três anos) é uma maneira de identificar lesões pré-malignas ou de realizar um diagnóstico precoce, ou seja, em estádio inicial. É importante ressaltar que a rotina ginecológica deve ser realizada mesmo se a mulher já for vacinada.
Os sinais da doença podem demorar para aparecer
Verdade. Na maioria dos casos, o câncer do colo do útero é assintomático, mas pode ser possível notar dor na relação sexual, sangramento ou, ainda, secreção vaginal com odor, quantidade ou aspecto diferente do usual. Quando a doença está avançada, a paciente pode apresentar dores mais intensas em região pélvica, alterações urinárias ou intestinais, perda de peso não justificada ou dores nas pernas e costas, ou cansaço extremo relacionado a perda sanguínea (anemia).
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Usar preservativos impede a transmissão do HPV
Mito. O vírus pode ser transmitido através de outras regiões da genitália, uma vez que também estão expostas durante a relação sexual. É estimado que a camisinha consiga proteger em até 70% o contágio do HPV. Além disso, vale ressaltar que o uso de preservativos pode evitar outras doenças sexualmente transmissíveis, por isso seu uso é fundamental. A vacinação contra o HPV é capaz de proteger contra lesões pré malignas e neoplasias de colo uterino, vulva, vagina, ânus e cabeça e pescoço.
Mulheres jovens não precisam se preocupar com o câncer do colo do útero
Mito! Apesar da maioria dos casos ocorrer após os 40 anos, é importante ressaltar que ele pode acontecer em qualquer idade e por este motivo, é recomendado que se faça o exame do Papanicolau a partir dos 25 anos ou quando a mulher começa a ter relações sexuais. Devido à falta de aderência a vacinação e aos exames ginecológicos de rotina, vemos um aumento dos casos em paciente jovens, o que mais uma vez nos mostra que a prevenção é fundamental desde cedo.
Sangramento durante a menopausa pode ser um sintoma de câncer do colo do útero
Verdade. O sintoma deve ser avaliado por um especialista, pois pode ter outras causas relacionadas, sendo o câncer do colo do útero uma delas.
Quem toma a vacina contra HPV não precisa usar camisinha
Mito! A vacina contra o HPV não protege contra os mais de 150 subtipos do vírus, mas previne contra os tipos 16 e 18, que causam mais de 70% dos casos de câncer do colo do útero. É fundamental utilizar preservativos para evitar não só o HPV, mas também outras doenças sexualmente transmissíveis, além da realização periódica de exames preventivos.
Menos de 10% das mulheres infectadas pelo HPV podem desenvolver câncer do colo do útero
Verdade. Apesar do HPV nem sempre evoluir para o câncer do colo do útero, é fundamental marcar consultas periodicamente com o ginecologista para acompanhamento. Por isso, é importante ter atenção e cautela.