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Disfunções cognitivas podem causar transtornos psicológicos em pacientes de COVID-19

Após meses da internação pela doença, um em cada três sobreviventes for diagnosticado com algum tipo de distúrbio cerebral ou psicológico

COVID-19 pode acarretar problemas psicológicos – Pexels/Alex Green

A comunidade científica internacional segue se debruçando para entender e avaliar os efeitos a longo prazo que a COVID-19 deixará para a humanidade. Ainda há muitas perguntas sem respostas, mas alguns estudos já estão indicando caminhos que chamam a atenção para o que pode vir por aí.

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Depois de superar o vírus, pessoas que tiveram a COVID-19 poderão carregar para o futuro uma série de transtornos psicológicos, alertam cientistas. Estudos diversos já estão mostrando o quanto a saúde mental tem ganhado a atenção deles, ainda mais neste mês em que esse assunto ganha mais relevância devido a campanha Setembro Amarelo.

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De acordo com o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu, as pesquisas mais recentes acenderam um sinal de alerta para a saúde mental daqueles que tiveram a COVID-19. “Não é segredo para ninguém que este não é um período fácil. Além dos danos pulmonares, o que tem se visto é que o vírus também afeta o sistema vascular da pessoa. Como a região do cérebro é repleta de vasos, isso vai de encontro ao aumento de danos psicológicos nestas pessoas.”

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Fabiano lembra que estas pessoas relataram sintomas como alterações mentais, “como dificuldade para se concentrarem e perda da memória recente, e isso pode interferir nas suas relações sociais pessoais e profissionais, o que é uma porta aberta para enfermidades como angústia, ansiedade, agressividade ou até casos graves de depressão.”

Recentemente, uma publicação feita na revista Lancet Psychiatry trouxe um estudo feito com a participação de 230 mil pacientes, sendo a maioria norte-americanos, e os resultados chamaram a atenção dos pesquisadores: um em cada três sobreviventes da COVID-19 foi diagnosticado com algum distúrbio cerebral ou psiquiátrico em até seis meses após a internação pela doença.

Para piorar, a pesquisa revelou que aqueles que já possuíam um transtorno mental antes de se contaminar com o vírus podem ter seu quadro agravado ou até serem vítimas de outra enfermidade nesta área. Segundo o neurocientista, “ainda que não saiba todos os efeitos da doença a longo prazo, as alterações neurológicas estão cada vez mais confirmadas como efeitos do vírus SARS-CoV-2. O ideal é que, além dos sintomas físicos, os pacientes tenham um suporte mental para saber se suas cognições também foram afetadas. E, se assim for, iniciar um tratamento imediato, completou.

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