A chegada do frio, associada a hábitos populares ligados aos festejos juninos, tendem a elevar o número de acidentes e vítimas de queimaduras, segundo alerta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A média de óbitos decorrentes desse tipo de ocorrência ultrapassa 5 mil vítimas anuais – o equivalente a mais de 13 perdas diárias.
A SBCP aponta que as principais causas de queimaduras são por fogo causado por álcool, escaldo (líquidos aquecidos) e por contato. A entidade acrescenta ainda que a maior utilização de álcool 70%, em decorrência de cuidados sanitários preventivos contra a Covid-19, e crescimento no uso de fogão à lenha por famílias mais pobres podem ampliar os riscos de acidentes.
Em função da pandemia de Covid-19, a Anvisa autorizou a comercialização de álcool 70% para fins antissépticas ou desinfetantes. Por apresentar característica inflamável, a maior circulação e utilização do produto podem desencadear acidentes quando manuseado próximo ao fogo. Semelhante risco de queimadura por fogo pode ocorrer em razão das fogueiras típicas desse período do ano e também pela utilização de fogão à lenha por famílias com dificuldade de acesso a gás encanado ou de botijão.
O cirurgião plástico Dr. Luiz Philipe Molina Vana, regente do Capítulo de Queimaduras da SBCP, destaca que as queimaduras por escaldo são o tipo mais frequente em crianças. Elas ocorrem quando os pequenos alcançam ou manuseiam panelas com líquidos quentes.
“Em caso de algum acidente, deve-se lavar a queimadura com água corrente, abundante e em temperatura ambiente. É fundamental não passar nada sobre a lesão, visto que alguns produtos podem aprofundar a queimadura ou demandar remoção para a devida avaliação médica, o que geraria ainda mais dor no paciente”, explica. O médico salienta que toda queimadura precisa receber avaliação médica para a devida assistência. Ele explica que dependendo do local, profundidade ou extensão da queimadura, uma lesão aparentemente simples pode causar danos severos, como, por exemplo, ao atingir regiões da boca, pálpebras, genitália, articulações e outras.
Tratamento
O cirurgião plástico Dr. Molina explica que os tratamentos podem variar de acordo com o local e severidade da queimadura. Em caso de ocorrências superficiais, há o entendimento de dar suporte por meio da correta avaliação e realização de curativos. A assistência de lesões mais profundas comumente é realizada por meio de cirurgias de enxerto de pele. “O enxerto consiste na retirada de uma camada de pele fina e superficial do paciente para colocação na área afetada. O procedimento possibilita que o paciente tenha a menor quantidade possível de sequelas estéticas e funcionais”, diz. Em casos de grande queimados (quando atinge mais de 20% de área corporal), pode-se empregar o transplante de pele (enxerto homógeno). A técnica consiste na realização de um curativo por meio de peles de doadores.