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Cisto intracraniano: o que fazer quando meu filho apresentar esse problema?

Dor de cabeça persistente pode indicar pressão no cérebro e presença de cisto intracraniano

Cisto intracraniano: o que fazer quando meu filho apresentar esse problema?
Cisto intracraniano: o que fazer quando meu filho apresentar esse problema? – Freepik/ drobotdean

Sintomas como dor de cabeça e até mesmo atraso no rendimento escolar estão entre os principais motivos que levam os pais a buscarem ajuda médica para os filhos e, normalmente, o especialista solicitar exames de imagem para identificar a origem do problema.

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“Hoje em dia é comum a realização de exames radiológicos como a tomografia e a ressonância do encéfalo e, muitas vezes, cistos cerebrais podem ser identificados nestes exames. Entretanto, nem sempre a presença do cisto está associada a sintomatologia apresentada. Em muitos casos, são “achados” de exames”, explica Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico.

Nestas situações, é importante a opinião de um profissional habilitado para avaliar se o cisto cerebral pode ter alguma relação com os sintomas apresentados e tranquilizar os pais.

Mas, o que é um cisto intracraniano?

O cérebro é revestido de membranas e entre a primeira estrutura e a parte mais rígida – a membrana dura-máter – existe um espaço chamado subaracnóidea, onde ocorre a formação de um tipo de represamento do líquor produzido 24 horas por dia, que circula dentro das cavidades ventriculares e que precisa ser reabsorvido. Essa reabsorção ocorre em estruturas conhecidas como vilosidades aracnoides. Neste espaço, podem surgir compartimentos e desencadear o aparecimento do cisto aracnoide.

Quando o cisto aracnoide pode gerar preocupação para os pais?

A preocupação maior é quando é identificado em crianças menores de 2 anos e que apresentam um crescimento progressivo da cabeça – que foge da curva normal do perímetro craniano. Este caso pode indicar o crescimento do cisto devido falha no escoamento do líquor nas cavidades ventriculares. Geralmente, o aumento do cisto causa compressão na região e compromete o desenvolvimento natural do cérebro da criança.

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Por outro lado, o cisto intracraniano pode ser identificado em todas as idades. A avaliação especializada poderá determinar se existe ou não indicação de cirurgia. A dor de cabeça persistente também é um indicador de aumento da pressão craniana e isso está relacionado com a expansão do cisto.

Como é realizado o tratamento do cisto intracraniano?

Normalmente, quando o cisto é pequeno e não apresenta crescimento progressivo, a ressonância deve ser repetida após 6 meses da realização do primeiro exame para acompanhar o caso, no entanto, em situações em que o cisto apresenta crescimento, muitas vezes, há necessidade de intervenção cirúrgica.

Cistos grandes devem ser operados? O cisto pode romper?

É possível encontrar cistos grandes, mas estáveis, ou seja, que não apresentam crescimento e podem ser acompanhados com exames de imagem. Outros cistos podem progredir e necessitarem de tratamento cirúrgico.

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Há também casos em que o paciente – portador de um cisto intracraniano – pode descompensar esse cisto depois de um traumatismo craniano. “Então, as duas situações podem ocorrer, o trauma pode levar a uma descompensação do cisto e o trauma pode levar ao diagnóstico de um cisto”, explica Dr. Ricardo.

Pode ocorrer uma ruptura espontânea do cisto e, também, associada a traumatismo craniano. Entretanto, são situações raras.

Quais são as cirurgias indicadas para os cistos aracnoides?

O objetivo da cirurgia é comunicar o cisto com as estruturas normais do crânio.

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Pacientes que tem cistos pequenos, que não estão em progressão ou que a clínica nada tem a ver com o cisto, devem ser observados.

Já para os pacientes que apresentam progressão do cisto ou sintomas relacionados ao cisto aracnoide, a exemplo dos que estão localizados na região temporal – próximo a região da orelha – o procedimento cirúrgico deve ser indicado.

Há três tipos de cirurgias para os cistos aracnoides:

A microcirurgia, que corresponde a realização de uma pequena incisão, abordagem direta do cisto. A parede do cisto é rompida com auxílio de um microscópico, permitindo que o líquor possa ter a circulação reestabelecida no cérebro.

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O neuroendoscópico que é uma ferramenta utilizada pelo neurocirurgião que permite uma pequena perfuração no crânio e introdução do endoscópico que atinge o núcleo do cisto (parte interna). Dependendo da localização do cisto, pode ser indicada a cirurgia aberta ou a endoscópica. Essas duas cirurgias conseguem tratar a grande maioria dos cistos.

A outra possibilidade de tratamento é a instalação de uma derivação cisto-peritoneal, entretanto, não deve ser realizada como primeira escolha de tratamento.

Quais são os riscos do tratamento cirúrgico para a criança?

Dentro do cisto a pressão é muito alta, isso porque existe um crescimento e aumento da pressão dentro na região. Quando é realizado um tratamento com abertura de uma janela, para acessar o cisto e realizar a comunicação, toda a pressão é modificada. Um dos principais problemas que podem ocorrer é o escape de líquido pela cicatriz cirúrgica, chamada de fístula liquórica, por isso é importante a realização ampla da comunicação do cisto com as estruturas intracranianas e, ao final, o fechamento deve ser bem executado para minimizar a possibilidade de escape de líquido.

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Fonte:

Sobre Dr. Ricardo de Oliveira

Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP). Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorados pela Universidade René Descartes, em Paris, na França e pela FMRPUSP. É orientador pleno do Programa de Pós-graduação do Departamento de Cirurgia e Anatomia da FMRPUSP e médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Também é docente credenciado do Departamento de Cirurgia e Anatomia da pós-graduação e tem experiência com ênfase em Neurocirurgia Pediátrica e em Neurooncologia, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: neoplasias cerebrais sólidas da infância, glicobiologia de tumores cerebrais pediátricos e trauma crânio-encefálico. Foi o neurocirurgião pediátrico principal do caso das gêmeas siamesas do Ceará. Atua com consultórios em Ribeirão Preto no Neurocin e em São Paulo no Instituto Amato.