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‘Coronials’! Nova geração de bebês pode ter mudanças comportamentais por conta do período de isolamento

Apesar da taxa de nascimento ter caído em 2020, muitos pais encontraram dificuldades para cuidar de recém-nascidos

Características de nova geração – Pexels/Pixabay

Desde março de 2020 o Brasil foi transformado da noite para o dia, disso todo mundo já sabe. Os efeitos psicológicos do isolamento social nos jovens, adultos e idosos foram imensuráveis. E se esses grupos já sentiram um impacto com uma ruptura abrupta de realidade e costume, imagine para aqueles que vieram ao mundo durante esse período? 

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Mesmo com o índice de nascimento em queda, em que no ano passado o número de recém-nascidos teve uma queda de 5,66%, conforme dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde e tabulados pelo Estadão, muitos pais ainda tiveram que lidar com os pequenos nessa fase.

A falta de colo dos avós e de outros auxílios fez com que, em grande parte dos casos, “a rede de apoio de muitas famílias ficou prejudicada. Muitas vezes são os avós das crianças quem mais ajudam nesse primeiro ano de vida”, afirma o psicólogo e psicanalista Ronaldo Coelho. E o estresse emocional se fez presente no cotidiano de todos, inclusive dessas famílias, já que houve um acúmulo de tarefas e responsabilidades, em que “muitos também podem ter sentido sensação de desamparo, de não ter com quem conversar, desabafar”

Diante desse contexto difícil com pandemia, mesmo com o retorno gradativo de creches, por exemplo, o comportamento dos bebês pode ter sido influenciado. “É esperado que se tenha mudanças significativas. Mas ainda não sabemos quais e nem exatamente de que modo isso vai se desdobrar no futuro, quando esses bebês se tornarem crianças, alerta o psicólogo.

São fatos marcantes na história que fazem com que novas gerações apareçam. Por conta disso, muitos passaram a atribuir o termo “coronials” a essas crianças. “Ao longo dos tempos viemos percebendo que uma geração sempre  apresentava QI médio maior do que a geração anterior. Essa é a primeira vez em que registramos uma inversão. Os nativos digitais possuem um QI menor do que a geração anterior”, diz Ronaldo. A explicação, como ele diz, não está na “tecnologia em si”, mas sim no “lugar passivo no qual a criança fica por longos períodos de tempo”. E o desenvolvimento de uma criança se dá por estímulos e desafios: “Ela precisa exercitar o pensamento, o raciocínio, falar e brincar”, ressalta.

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E a falta de convivência com outras crianças foi crucial para esse desenvolvimento, pois o psicanalista explica que dentro de casa ela sabe que as pessoas ao seu redor estão ali para “protegê-la e suprir suas necessidades”. “A outra criança, sendo naturalmente reconhecida como um igual, a convoca, a desafia a se superar”

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Outros fatores influentes para o comportamento dos pequenos, envolvem as classes sociais, os diferentes padrões escolares e a regionalidade. “Tudo isso já era antes e será ainda mais decisivo neste momento”, lembra Ronaldo.

O psicólogo dá orientações para cada fase dos bebês nesse período:

1 a 3 meses

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“Realizar brincadeiras com o próprio corpo do bebê”, para que ele se reconheça. “Pode se brincar de assoprar a barriga, por exemplo, ou cantar para que ele se habitue com a voz de quem cuida e estimule a audição”.

Essa é uma fase em que há uma curiosidade pelo rosto e olhar do adulto: “Então sempre brincar com o rosto perto e estimulando o sorriso”, complementa. 

3 a 6 meses

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Com novos desafios, as brincadeiras com o corpo continuam. “Já é possível prestar atenção a objetos e brincar com o mordedor e chocalho”, em que o ideal é sempre estimulá-lo. “Nesta fase, apesar de já conseguir brincar um pouquinho sozinho, a presença real dos pais brincando junto faz diferença”.

6 a 9 meses

Aqui, os brinquedos e outros objetos que deem para arremessar, por exemplo, já são mais interessantes. Além de eles começarem a imitar comportamentos, como explica Ronaldo. “Os desafios podem ir neste sentido das imitações e de brincadeiras onde eles agem”.

9 a 12 meses 

“É a fase em que o grande desafio neuromotor será andar, o que o possibilitará ver e explorar todo o ambiente de outra maneira, será também o que trará maior fonte de prazer. As brincadeiras com bolas, por exemplo, podem estimular esse desenvolvimento”, completa o psicanalista.