A fome no Brasil tem construído uma triste realidade para muitas famílias. A situação é tão grave que, conforme a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o país voltou para o Mapa da Fome. São mais de 60 milhões de brasileiros que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar.
Os problemas em relação a esse cenário são profundos. Em um estudo publicado na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases, os pesquisadores concluem que “as crianças das famílias mais vulneráveis economicamente são afetadas desproporcionalmente pela infecção e doença por SARS-CoV-2”.
TAXA DE COVID-19 É MAIOR ENTRE FAMÍLIAS QUE SOFREM COM A FOME
Os pesquisadores realizaram um levantamento com 54% famílias que sofrem com insegurança familiar. Enquanto 4,9% das crianças que não faziam parte de famílias com esse cenário apresentaram sintomas de covid-19, esse número é de 9,3% entre o grupo infantil que passa por algum tipo de insegurança alimentar.
Com apoio da FAPESP, a coordenadora do estudo Marly Augusto Cardoso, explicou à Agência que “Entre as crianças com evidências sorológicas de infecção anterior por SARS-CoV-2, aquelas cujos domicílios passaram fome no mês anterior às entrevistas apresentaram chance de ter COVID-19 76% maior quando comparadas com crianças que não tinham sido expostas à insegurança alimentar“.
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Conforme dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, da Rede PENSSAN, a região Norte do país é que mais sofre com esse cenário. 71,6% das famílias sofrem com insegurança alimento, enquanto 25,7% são atingidas pela fome – o que equivale a cerca de 4,5 milhões de pessoas.