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Além da vacina, sequenciamento genético do Sars-COV-2 também é importante para controle da pandemia

Consistindo no isolamento do DNA e genomas das novas cepas do Sars-Cov-2, o sequenciamento genético é fundamental para entendermos as variantes atualmente circulantes do vírus, o que ajuda na elaboração de estratégias para minimizar taxas de infecção e quadros graves de Covid-19.

Entenda por que realizar o sequenciamento da covid-19 é importante – Unsplash/ National Cancer Institute

Graças às campanhas de imunização contra a Covid-19, o quadro da pandemia do Coronavírus já evoluiu muito. Apesar disso, pesquisas, exames, testes e estudos sobre o vírus seguem a todo vapor para nos ajudar a entender mais sobre o que é o Sars-COV-2 e como controlá-lo, assim como suas mutações. E um dos esforços mais importantes nessa fase da pandemia é o sequenciamento genético das variantes do Sars-COV-2.

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“O sequenciamento genético do vírus consiste em isolar o DNA e todo o genoma desse agente, o que, num primeiro momento, tem como principal objetivo entender quais variantes estão circulando e quais são mais ou menos patogênicas, contribuindo assim no controle do quadro da pandemia”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral da Multigene.

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Segundo o especialista, o sequenciamento do vírus causador da COVID-19, na verdade, já foi realizado diversas vezes e, ainda assim, continua necessário, pois a taxa de mutação do SARS-CoV-2 é muito alta. “Mutações do vírus podem piorar severamente o quadro da pandemia e não faltam exemplos desse fato. Hoje temos quatro cepas circulantes, como a variante que surgiu em Manaus, que tem sido associada a um maior risco de quadros graves de Covid-19. Além disso, essa cepa, chamada de variante gama, leva a uma taxa de infecção 2,5 vezes maior, o que explica o número crescente de pessoas desenvolvendo algum tipo de infecção”, destaca.

“Para termos uma ideia, 6 novas mutações da cepa original do Sars-CoV-2 codificam uma proteína muito importante para o vírus, chamada de proteína Spike, que leva a formação da espícula que permite que o vírus se ligue a célula, facilitando sua entrada e, consequentemente, aumentando as taxas de infecção, de replicação e a carga viral, o que está associado a quadros graves. E, com as novas variantes, novas mutações também surgiram. A variante brasileira, por exemplo, possui 10 mutações genéticas que permitem uma ligação muito mais eficiente do vírus à ACE2, que é uma enzima que permite a entrada do vírus com mais facilidade.”, continua.

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Variantes

A partir do momento que uma nova variante potencialmente mais patogênica é isolada por meio do sequenciamento genético, o objetivo passa a ser a elaboração de estratégias específicas para impedir que essa cepa do vírus infecte mais pessoas. “Isto significa que o controle precisa ser mais rigoroso e as recomendações de prevenção de transmissão e contágio, como o distanciamento social e o uso de máscaras, devem ser cumpridas ainda com mais seriedade, o que ainda é um obstáculo no Brasil.

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“Infelizmente, nenhuma vacina sozinha é capaz de controlar a pandemia, é preciso também que a população se esforce para alcançarmos esse objetivo comum”, alerta o especialista. “Além disso, dependendo da variante e do tipo de mutação demonstrada, o sequenciamento genético também pode influenciar na descoberta e desenvolvimento de novos testes e tratamentos.

Dessa forma, é fundamental que, neste momento de pandemia, mais investimentos e esforços sejam destinados para realização do sequenciamento genético do SARS-COV-2. “O problema da não realização do sequenciamento genético do vírus é que pode fazer com que percamos ainda mais o controle da pandemia, com consequente aumento nas taxas de infecção e número de casos graves”, finaliza o Dr. Marcelo Sady.


FONTE:

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DR. MARCELO SADY – Pós-doutor em genética com foco em genética toxicológica e humana pela UNESP- Botucatu, o Dr. Marcelo Sady possui mais de 20 anos de experiência na área. Speaker, diretor Geral e Consultor Científico da Multigene, empresa especializada em análise genética e exames de genotipagem, o especialista é professor, orientador e palestrante. Autor de diversos artigos e trabalhos científicos publicados em periódicos especializados, o Dr. Marcelo Sady fez parte do Grupo de Pesquisa Toxigenômica e Nutrigenômica da FMB – Botucatu, além de coordenar e ministrar 19 cursos da Multigene nas áreas de genética toxicológica, genômica, biologia molecular, farmacogenômica e nutrigenômica.