O colesterol é uma gordura produzida pelo fígado e encontrado em alguns alimentos. Ele é fundamental para o funcionamento de nosso corpo, sendo responsável por funções como garantir a produção dos hormônios sexuais e da Vitamina D. No entanto, os altos níveis de colesterol podem ser extremamente prejudiciais à saúde, inclusive influenciando em comorbidades ligadas a casos graves de Covid-19.
“Primeiro, é importante ressaltar que nem todo colesterol é igual. Temos, por exemplo, o colesterol HDL, considerado o bom colesterol, que, quando em excesso, é decomposto e removido do corpo. Já o colesterol LDL, conhecido como mau colesterol, pode, quando em grandes quantidades, gerar o acúmulo de placas de gordura nas artérias, impedindo ou dificultando a passagem do sangue e levando a graves complicações, como AVC ou infarto”, afirma o médico nutrólogo e cardiologista Dr. Juliano Burckhardt, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E, devido ao estilo de vida atual, os altos níveis de LDL são comuns.
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De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que quatro em cada 10 brasileiros têm colesterol alto. “O grande problema dos altos níveis de colesterol no sangue está no fato de ser uma intercorrência silenciosa: o colesterol aumentado pode não causar sintoma nenhum, obstruindo as artérias aos poucos. Então, em alguns casos, a primeira manifestação da alta do colesterol é um evento como infarto ou derrame, quando já é tarde para prevenir”, alerta a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
Logo, como é uma doença silenciosa, que quando se manifesta pode causar uma situação grave, a melhor política é a prevenção. E mesmo pessoas que praticam atividade física ou levam uma vida aparentemente saudável devem adotar medidas preventivas contra os altos níveis de colesterol, pois ainda assim podem sofrer com o problema. “A redução do colesterol é uma das medidas mais importantes para promover a saúde geral do coração. Infelizmente, poucas pessoas entendem as etapas essenciais para atingir essa meta. Além de reduzir a ingestão de determinados alimentos, o aumento do consumo de gorduras saudáveis e fibras também é essencial”, o médico nutrólogo e cardiologista Dr. Juliano Burckhardt.
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Então, para ajudar você a prevenir doenças, reunimos um time de especialistas para dar dicas sobre como controlar os níveis de colesterol ruim. Confira:
Evite as gorduras não saudáveis
O consumo de gorduras trans e saturadas deve ser evitado, pois pode prejudicar o organismo, favorecendo o aumento do perfil inflamatório e lipídico e o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas. “A ingestão de frituras de imersão e carnes gordas, por exemplo, deve ser reduzida, pois não fazem bem para circulação, aumentando a quantidade de colesterol nas artérias e favorecendo a aterosclerose”, diz a Dra. Aline Lamaita. Da mesma forma, se você está acima do peso devido ao consumo excessivo de gorduras, também corre um risco maior de colesterol alto.
Tome cuidado também com o excesso de açúcar
Segundo a cirurgiã vascular, estudos recentes vêm apontando os carboidratos e açúcares como grandes vilões para o aumento de colesterol. “Há uma linha de pesquisa que aponta que para controlar o colesterol precisamos diminuir o consumo de açúcares e carboidratos no dia a dia”, afirma a médica. E tome cuidado com os açúcares escondidos, que também podem aumentar seu peso e piorar o perfil lipídico. “Seja um comedor informado. Conheça os ingredientes e leia atentamente os rótulos nutricionais. Fique longe de alimentos que contenham fontes ocultas de açúcar, como xarope de milho com alto teor de frutose e algumas dextrinas”, conta o Dr. Juliano Burckhardt.
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Adicione boas fontes de gordura à dieta
Vale lembrar que nem toda a gordura é ruim. “O azeite, a castanha, o abacate e os peixes, por exemplo, são ricos em gorduras benéficas para o organismo que favorecem o sistema circulatório e melhoram a qualidade de circulação, diminuindo o colesterol ruim e aumentando o colesterol bom”, aconselha a Dra. Aline. “Por exemplo, o DHA, abreviação de ácido docosahexaenóico, é um ácido graxo poli-insaturado que, quando ingerido regularmente, pode contribuir para o funcionamento cardíaco adequado e ajudar a diminuir os níveis de LDL e aumentar os níveis HDL, o colesterol ‘saudável’”, explica o Dr Juliano, que aponta salmão, sardinha e atum como fontes populares de DHA.
Inclua as fibras na dieta
O consumo de fibras é uma excelente opção para reduzir os níveis de colesterol. “Os alimentos ricos em fibras são capazes de sequestrar a gordura alimentar no intestino, assim diminuindo a absorção do colesterol, de gorduras e de açúcares”, afirma a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). “Uma excelente opção para quem deseja consumir mais fibras é, por exemplo, a aveia, já que contém uma fibra solúvel chamada betaglucana, que retarda o esvaziamento gástrico, promovendo maior saciedade, melhora a circulação, controla a absorção de açúcares e inibe a absorção de gorduras, assim ajudando a reduzir os níveis de colesterol. As frutas cítricas também são grandes aliadas do controle do colesterol, pois são ricas em fibras e substâncias antioxidantes que limitam a absorção do colesterol no intestino e ajudam a reduzir os níveis de LDL, colesterol ruim, no organismo”, destaca a médica.
Aposte em alimentos que ajudem a reduzir o colesterol
Segundo a Dra. Marcella, além das fibras, os fitosteróis, que estão presentes no azeite de oliva, linhaça, nozes, castanhas, peixes de água fria, chocolate amargo e abacate, também podem ajudar a reduzir os níveis de colesterol, pois competem por receptores intestinais das moléculas de colesterol exógeno, reduzindo assim sua absorção. “Aposte também em alimentos ricos em ômega 3, como o salmão e as sementes de linhaça e chia, que é responsável por prevenir doenças cardiovasculares, evitar a formação de coágulos, diminuir os níveis de colesterol total e de LDL colesterol e aumentar as de HDL”, completa.
Pratique atividades físicas
Medidas simples como subir escadas, se movimentar mais, fazer caminhadas e se exercitar diariamente são atitudes que ajudam a diminuir o colesterol. “Ser ativo por 30 minutos na maioria dos dias pode ajudar a reduzir o colesterol ruim e aumentar o colesterol bom”, explica o Dr. Juliano Burckhardt.
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Desista de vez do cigarro
Se você fuma, saiba que as inúmeras substâncias tóxicas presentes no cigarro podem oxidar o colesterol bom e transformá-lo em colesterol ruim. “A oxidação também leva a inflamações nas artérias que podem resultar na formação de placas de gordura, entupindo os vasos. Então o hábito de fumar é um dos mais nocivos para a saúde do coração”, diz o cardiologista
Por fim, a Dra Aline Lamaita ressalta a importância da realização anual de exames para acompanhar os níveis de colesterol e diagnosticar qualquer possível complicação precocemente. “Além disso, aqueles que já apresentam níveis de colesterol acima do recomendado devem consultar um médico regularmente, afinal, a intensidade do controle do colesterol, com o uso de medicamentos ou apenas com a adoção de uma alimentação balanceada, depende do risco cardiovascular de cada indivíduo, variando caso a caso”, finaliza a médica.
FONTES:
*DRA. MARCELLA GARCEZ: Médica Nutróloga, Mestre em Ciências da Saúde pela Escola de Medicina da PUCPR, Diretora da Associação Brasileira de Nutrologia e Docente do Curso Nacional de Nutrologia da ABRAN. A médica é Membro da Câmara Técnica de Nutrologia do CRMPR, Coordenadora da Liga Acadêmica de Nutrologia do Paraná e Pesquisadora em Suplementos Alimentares no Serviço de Nutrologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo.
*DRA. ALINE LAMAITA: Cirurgiã vascular, Dra. Aline Lamaita é membro da diretoria (comissão de marketing) da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). Membro da Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia, do American College of Phlebology, e do American College of Lifestyle Medicine, a médica é formada pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2000) e hoje dedica a maior parte do seu tempo à Flebologia (estudo das veias). Curso de Lifestyle Medicine pela Universidade de Harvard (2018). A médica possui título de especialista em Cirurgia Vascular pela Associação Médica Brasileira / Conselho Federal de Medicina. RQE 26557 http://www.alinelamaita.com.br/
*DR. JULIANO BURCKHARDT: Médico Nutrólogo e Cardiologista, membro Titular da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). É membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology. Mestrando pela Universidade Católica Portuguesa, em Portugal, atuou e atua como docente e palestrante nas suas especialidades na graduação e pós-graduação. O médico tem certificação Internacional pela Harvard Medical School, para tratamento da Obesidade. É diretor médico do V’naia Institute. Diretor Científico Brasil da European Academy of Personalized Medicine.