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Janeiro branco: ansiedade no brasileiro tem relação com problemas na sociedade, como a violência

Em alusão à campanha, o neurocientista Dr. Fabiano de Abreu explica como fatores sociais afetam a saúde mental

Neurocientista fala sobre problemas sociais e ansiedade – Freepik/jcomp

O janeiro branco é uma campanha que visa chamar atenção da sociedade para a necessidade de cuidar da saúde mental e emocional. O mês de janeiro foi escolhido, porque, de uma forma simbólica, é neste início de ano que as pessoas tendem a refletir mais sobre suas vidas, emoções e questões existenciais.

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Para o Doutor em neurociências, antropólogo e biólogo, Prof. Dr. Fabiano de Abreu, é importante salientar que a saúde mental, muito mais do que um tema que está ‘na moda’, é uma necessidade urgente. “No Centro de Pesquisas, recebemos 10 vezes mais queixas e dados. Os profissionais da saúde mental no departamento que eu chefio trazem um número alarmante de casos”, relata o especialista.

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A VIOLÊNCIA TEM RELAÇÃO DIRETA COM A ANSIEDADE NO BRASILEIRO

De acordo com ele, o fato de o Brasil ser o país mais ansioso do mundo (OMS) tem relação direta com a violência enfrentada diariamente. Isso gera uma cultura de ansiedade que pode ser facilmente percebida no comportamento do povo brasileiro. “O ciclo de ansiedade é constante, funciona como uma pendência, ela faz parte do instinto para nossa preservação. O fato de saber que a violência existe já eleva a ansiedade, pensar que pode sair na rua e acontecer algo, assim como ir dormir e qualquer barulho arremeter ao pensamento de que alguém pode estar invadindo a sua casa, detalha.

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O cientista afirma, ainda, que existem diversas outras questões no cotidiano do Brasil que podem aumentar a ansiedade como problemas políticos, econômicos, sociais e a própria pandemia. “Por mais que a pessoa seja negacionista, qualquer doença pandêmica, por instinto, eleva a ansiedade, pelo receio, mesmo que inconsciente, de ser infectado. Isso é inevitável, assim como a ansiedade derivada da mudança da rotina”, explica.

A ansiedade busca na amígdala cerebral um mapa de memórias que possa ajudar a resolver determinada situação. Memorizamos com a emoção, para nossa prevenção. Então, células de engramas são formatadas em situações de risco e ficam armazenadas, podendo ser recuperadas em situações de grande ansiedade, estresse e em busca de soluções. Isso é um mecanismo de defesa”, pontua o especialista.

Quando um indivíduo está constantemente em um estado de ansiedade, a amígdala é moldada assim como outras regiões do cérebro, trazendo consequências como distúrbios, transtornos e doenças que podem levar à depressão e outros problemas. “É por isso que o brasileiro é o povo que mais acessa a internet, mais especificamente a rede social. Nela, há uma busca inconsciente pela homeostase, liberando neurotransmissores da recompensa, entre eles, a dopamina, para uma satisfação momentânea, que nos tira em instantes da atmosfera negativa, afirma Fabiano de Abreu.

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Após um transtorno ser instalado, a capacidade de reconhecer o problema diminui, o que pode levar à negação. Para evitar este cenário, o neurocientista recomenda dormir 8 horas por noite, realizar a dieta do mediterrâneo, praticar atividades físicas por pelo menos 30 min ao dia, utilizar menos as redes sociais e conviver com pessoas que não sejam negativas.

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