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Febre na internet e polêmica entre estudiosos, o “ASMR” realmente funciona? Neurocientista responde!

Published 18/01/2021

ASMR - Pixabay

Sons de boca, batuques e cenas do cotidiano, todos esses cenários são comuns em vídeo e áudios de ASMR, que vem ganhando muito espaço na internet.

Mas antes de tudo, o que é um ASMR?

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ASMR é a sigla em inglês para Autonomous Sensory Meridian Response, ou em português, Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano. Apesar do nome um tanto quanto difícil, essa prática promete ajudar na concentração e na indução do sono, através de sussuros, sons de boca e barulhos calmos.

Mesmo com toda essa fama, e adeptos em todo o mundo, ele ainda divide opiniões na comunidade médica, que não enxerga resultados significativos.

O neurocientista Fabiano de Abreu Rodrigues, doutor em neurociência, além de várias outras especificações na área, comentou sobre esse tratamento alternativo e como o ASMR funciona no cérebro das pessoas.

Segundo ele, pode-se traçar um paralelo claro com a hipnose, já que induzem a pessoa a algo: “O SNC (Sistema Nervoso Central) torna-se importante nesse processo, sendo responsável pelo acionamento dos órgãos sensoriais, recebendo estímulos que podem ser eficazes ou não. O fator crítico é a parte analítica da mente que busca racionalizar as informações que são necessárias para tomar decisões no dia a dia. Portanto, a hipnose, por exemplo, ocorre quando uma sugestão, dada pelo hipnotista, se estabelece como pensamento único (“pensamento exclusivo”) na mente do sujeito através da concentração”.

Quando existe um exclusivismo, pessoas que não têm conhecimento de seus sentidos sensoriais aguçados e definidos, são facilmente levadas por sons, imagens tranquilizantes, acionando a inteligência emocional para esses estímulos”, completou.

Outro ponto importante citado por Fabiano é o ponto de interesse da pessoa, condicionando, então, uma possível eficácia do tratamento: “Pessoas que liberam demasiadamente a inteligência emocional naquilo que é exclusivo de seu interesse, que surge como objeto de fuga do eu, o estado de concentração é maior, fazendo que o inconsciente assuma o lugar do consciente e entre num estado automático”.

Ele ainda relatou como funcionaria esses estímulos em nosso cérebro: “Os estímulos enviados pela SNC mexem com os neurotransmissores como a noradrenalina, serotonina e a dopamina, quando existe algum tipo de anseio para focar em algo que nos prenda por vias sensoriais. As vias sensoriais quando estimuladas, fazem com que tenhamos uma melhor memorização para aquilo que ouvimos e enxergamos, podendo estas serem codificadas para o consciente ou para o inconsciente, dependendo da personalidade do sujeito”.

Para concretizar a sua linha de raciocínio, o neurocientista fez o paralelo com a música clássica: “Existem pessoas que desenvolvem a inteligência emocional quando escutam músicas clássicas e mais calmas por exemplo, onde o SNC não aceita estímulos diferenciados daqueles, acionando a região primitiva para ação de nossa sobrevivência, levando a uma irritabilidade por vezes, pois não são estímulos que acionam suas vias sensoriais”.

MAS ENTÃO, FUNCIONA OU NÃO?

Fabiano fala de uma espécie de “hipnose induzida” do próprio corpo quando as pessoas, que consomem ASMR, estão suscetivas ao conteúdo: “Quando a pessoa manifesta uma emoção maior do que seu racionalismo, a hipnose tem espaço amplo para realizar a inversão do controle cerebral, onde o inconsciente fica no lugar do consciente. (…) A inteligência emocional faz com que o sujeito tenha impulso e uma atenção maior para desenvolver alguma atividade ou até mesmo prestar atenção em algo que agrade”.

Ou seja, o ASMR não é uma “ciência” exata, como por exemplo um calmante, no qual terá a recompensa em 100% das vezes.

Tanto para Fabiano quanto para a comunidade médica, em sua maioria, o que acontece é que, quando alguém acessa esse conteúdo, buscando uma maior concentração ou a indução ao sono, o cérebro entende que é um momento de maior concentração, com isso, aumenta as chances de sucesso no “tratamento”.

Portanto, não é uma relação de causa-consequência, como “escutei ASMR e peguei no sono”, mas que, para surtir efeito, precisa haver uma aceitação da pessoas que está sendo acometida, como na hipnose.

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