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Por que abdominoplastia não é um tratamento para obesidade? Médico explica

O médico Dr. Wandemberg Barbosa esclarece alguns mitos e dúvidas sobre a abdominoplastia, um dos procedimentos estéticos mais realizados no mundo

Médico explica sobre a abdominoplastia
Médico explica sobre a abdominoplastia – Pexels/Dmitriy Ganin

Conforme a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética – em inglês, Internacional Society of Aesthetic Plastic Surgery (ISAPS) -, que é composta por cirurgiões de 110 nações, o Brasil pode ser considerado o campeão em cirurgias plásticas estéticas realizadas no mundo, pelo menos em 2019, último ano antes de iniciada a pandemia. Segundo a entidade, dos mais de 11 milhões e 300 mil procedimentos executados no ano retrasado, o país foi responsável por quase 1 milhão e 500 mil, cerca de 13% do total. A entidade destacou, ainda, que entre as cinco cirurgias que mais aconteceram no mundo estão a lipoaspiração e a abdominoplastia, feitas, respectivamente por 15% e 8,1% das pessoas.

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Quais são as indicações para a abdominoplastia?

Ou seja, ambos procedimentos (abdominoplastia e lipoaspiração) têm grande destaque no mundo da cirurgia estética e deve-se esclarecer algumas dúvidas sobre as cirurgias, tendo em vista o massivo número de pessoas, principalmente no Brasil, que devem procurá-las nos próximos dias, meses e anos. Médico referência em cirurgia plástica no Brasil, o Dr. Wandemberg Barbosa esclarece inicialmente sobre as indicações da abdominoplastia. Conforme o médico-cirurgião, ao contrário do que muita gente pensa, esse tipo de procedimento não pode ser considerado tratamento para a obesidade, nem alternativa visando substituir alimentação balanceada e prática de exercícios físicos.

O cirurgião destaca que a abdominoplastia deve ser feita em pessoas que tenham condições cirúrgicas e que se encontrem relativamente em forma. Dito isso, conforme o médico-cirurgião, a principal indicação do procedimento é para quem sofre de diástase (afastamento) dos músculos retos abdominais e, também, flacidez na pele, depósitos de gordura e estrias na região da barriga. “Dessa forma, em geral, a abdominoplastia é bastante requisitada por mulheres que tiveram múltiplas gestações, pessoas que geneticamente possuem acúmulo de gordura na região da barriga ou quem teve perda substancial de peso”, diz.

Por outro lado, o procedimento não é recomendado para que desejam engravidar em um prazo médio de quatro a seis meses. Além disso, conforme o Dr. Wandemberg, pessoas obesas e fumantes devem redobrar a atenção nos exames pré-operatórios antes de se submeter a cirurgia, porque têm maior risco de apresentarem complicações nas cicatrizes. “No caso de pessoas com obesidade, recomenda-se que ela emagreça ou passe por uma lipoaspiração antes da abdominoplastia. O recomendado é o IMC até 30”, diz.

Aliás, em muitas ocasiões, a abdominoplastia e a lipoaspiração são realizadas em conjunto pelo cirurgião, recebendo o nome de lipoabdominoplastia. O Brasil, inclusive, foi pioneiro nesse tipo de procedimento, como ressalta o cirurgião.

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Quais os benefícios e cautelas da associação entre abdominoplastia e lipoaspiração?

Entre os benefícios de se associar os dois procedimentos está o de conseguir um contorno corporal do tronco mais definido. “Muitas vezes, quando se realiza apenas a abdominoplastia, podem ‘sobrar gorduras’ em áreas onde não se retirou o excesso de pele (nos flancos ou dorso)”, diz o médico-cirurgião. Apesar das vantagens, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) recomenda cautela para a realização da lipoaspiração em conjunto com a abdominoplastia, orientando que o volume máximo de gordura aspirada não passe de 7% do peso corpóreo.

Como fica a cicatriz após a abdominoplastia?

Quando o assunto é cirurgia plástica, um dos grandes receios daqueles que se submetem a esse tipo de procedimento são as cicatrizes. O Dr. Wandemberg explica que a abdominoplastia, normalmente, requer uma incisão horizontal na região logo acima dos pelos pubianos, que se estende até próximo dos quadris, levemente curvada para cima. O excesso de pele do umbigo até o púbis é retirado em uma elipse.

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Desse modo, segundo o médico-cirurgião, a cicatriz fica na parte de baixo do abdômen, podendo ser facilmente escondida pelas peças de roupa íntima. A incisão será proporcional a quantidade de pele retirada.

Segundo o Dr. Wandemberg, a cirurgia plástica no abdômen deve ser feita por um cirurgião plástico, membro da SBCP. O procedimento normalmente tem de três a quatro horas de duração. “O tempo varia conforme a extensão do tratamento, quantidade de tecido a ser removido e da associação ou não da lipoaspiração”, esclarece. No geral, de acordo com o médico-cirurgião, utiliza-se anestesia peridural ou geral, com sedação, sendo necessário somente um dia de internação no hospital.

O tempo de recuperação total do paciente acontece entre 30 dias a três meses após a abdominoplastia, quando entra na chamada fase de involução, onde acontece a cicatrização completa. Até chegar a esse momento, porém, alguns cuidados obrigatórios precisam ser tomados, como o uso de malha compressora, também conhecida como cinta pós-cirúrgica, por no mínimo 35 dias. “É também necessário evitar esforços físicos, como carregar peso, além de procurar manter-se numa postura levemente curvada durante os primeiros 15 dias”, orienta Dr. Wandemberg.

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Outros cuidados que o paciente deve ter em seu período de recuperação são: evitar subir e descer escadas e, quando caminhar dentro de casa, que seja amparado por alguém; não dirigir; não usar roupas apertadas; não esticar demais o tronco e não se curvar muito para frente ao sentar-se; e evitar exposição ao sol e calor excessivo no local das suturas.


Sobre o Dr. Wandemberg

Dr. Wandemberg é cirurgião formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cirurgião oncológico formado pelo Hospital A.C Camargo – Fundação Antônio Prudente. Inclusive foi médico residente dessa instituição, terminando sua residência em 1981. Algum tempo depois, montou o Serviço de Cirurgia Oncológica do antigo Hospital Matarazzo (atual Hospital Humberto I), na capital paulista, onde atendia milhares de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1989, começou a trabalhar no Hospital 9 de Julho, também em São Paulo, onde instituiu um grupo de cirurgia oncológica, no qual atuou até 2005.

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Em 1998, concluiu mestrado em Cirurgia Plástica Reparadora pela Faculdade Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e, em 1999, titulou-se especialista em Cirurgia Plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Pela sua experiência e conhecimento, Dr. Wandemberg é reconhecido nacionalmente e internacionalmente, tendo levado inúmeros trabalhos em congressos. Além de ser membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, no Brasil, é “fellow” da The International College of Surgeons, “member ship”, na The European Society of Clinical Oncology, “associate member”, na The American Society of Plastic Surgeons e médico visitante no Massachuset’s General Hospital Boston, nos Estados Unidos, e The Royal Marsden Hospital, no Reino Unido.