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COVID-19: Proteína presente no sangue dos pacientes pode indicar evolução e gravidade da doença

A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)

Proteína presente na circulação sanguínea de pacientes com COVID-19 pode ser muito importante; entenda o motivo – Freepik

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) descobriram que uma proteína presente na circulação sanguínea dos pacientes da COVID-19 pode indicar o nível de gravidade da inflamação causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) no organismo deles.

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Como especificou a repórter Maria Fernanda Ziegler no texto publicado pela Agência FAPESP, a proteína serve como um “termómetro biológico” para os portadores do vírus.

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) descobriram que o acompanhamento das taxas da proteína sTREM-1, desde os primeiros sintomas da doença, é importante para as tomadas de decisões das equipes médicas, pois elas atuam como um preditor de evolução e desfecho da doença. 

O estudo, que tem o apoio da FAPESP, foi divulgado na plataforma medRxiv, dedicada à publicação de artigos em versão preprint — ou seja, antes de passarem pelo processo de revisão por pares.

O projeto consiste em investigar biomarcadores e alvos terapêuticos para a COVID-19.

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Existe uma variação muito grande na resposta inflamatória dos pacientes ao SARS-CoV-2 e ainda não se sabe exatamente por quê. No entanto, acreditamos que o monitoramento dessa proteína, que pode ser realizado por meio de exames simples [teste imunoenzimático], auxilie no tratamento dos doentes. Ao acompanhar essas taxas, a decisão da equipe de saúde é amparada por um biomarcador, cujo aumento está relacionado com o agravamento da doença”, diz Carlos Sorgi, professor do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP).

A pesquisa integra o consórcio ImunoCovid – coalizão multidisciplinar de 11 pesquisadores da USP e UFSCar que trabalham em colaboração e com o compartilhamento de dados e de amostras, liderado por Lúcia Helena Faccioli, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP).

PAPEL DA TREM-1

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A proteína TREM-1, que também pode ser encontrada no corpo na forma sTREM-1,  está ligada a algumas células de defesa do corpo, então assim que um patógeno é decretado no organismo, ela entra em ação e manda sinais de ocorrência de inflamação para as células.

“Ainda não se sabe qual a função dessa proteína na forma circulante. No entanto, estudos anteriores já haviam correlacionado a mortalidade de pacientes com sepse a elevadas taxas de sTREM-1”, conta Sorgi, que, antes do início da pandemia, realizava estudos correlacionando o desenvolvimento do câncer com o aumento da sTREM-1 no sangue de pacientes.

“Observamos uma forte correlação entre os níveis da proteína e o agravamento da doença. Os valores de sTREM-1 nos pacientes com COVID-19 aumentavam significativamente conforme a gravidade. Essa variação indica uma ativação da resposta imune contra a infecção por SARS-CoV-2”, explica Faccioli sobre a pesquisa.

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Desde os primeiros casos de COVID-19 na cidade chinesa de Wuhan, pesquisadores no mundo inteiro têm destacado marcadores inflamatórios para a doença. É o caso de indicadores importantes, como a diminuição do número de linfócitos (maior gravidade), aumento de neutrófilos e das citocinas IL-6, IL-10 (biomarcadores inflamatórios), ou ainda do aumento do d-dimero (relacionado à coagulação) e da proteína C-reativa (marcador geral para inflamação).

“No entanto, nenhum desses indicadores consegue estratificar tão bem os níveis de gravidade e predizer a evolução da doença com tanta propriedade como a sTREM-1”, avalia Faccioli.

Os pesquisadores do consórcio ImunoCovid coletaram informações e amostras biológicas de 500 pacientes infectados pelo novo coronavírus e de outros 100 indivíduos não infectados. “Como temos pressa em identificar um biomarcador que auxilie no tratamento, concluímos o estudo com dados de 91 pacientes. No entanto, nosso objetivo agora é aprofundar a análise não só no número, mas também na identificação de novos fatores relacionados à doença”, diz Faccioli.

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